quinta-feira, 23 de março de 2017
Itamar Campos Ramos publicou um trabalho baseado no Galope do Tempo na Universidade Estadual da Bahia.
Marcelo Nova
29/12/2010
TRABALHO ACADÊMICO SOBRE MARCELO NOVA PARTE I
O galope do tempo: Uma visão sobre a vida e a morte no pensamento e linguagem de Marcelo nova.
Itamar campos Ramos* Juliana Rafaela Tiago Antunes Feitoza Lícia Sobral**
RESUMO: Este artigo pretende apresentar, em linhas gerais a linguagem e pensamento de Marcelo Nova, ex-integrante do grupo musical camisa de Vênus, através de seu álbum o Galope do Tempo. A partir do estudo do álbum com os elementos da analise do discurso, busca-se compreender a visão de Marcelo sobre a vida e a morte. Discorrendo sobre seu processo ideológico e seu lugar de discurso.
O sujeito não é considerado como um ser individual, que produz discursos com liberdade: ele tem a ilusão de ser o dono de seu discurso, mas é apenas um efeito do ajustamento ideológico. O discurso é construído sobre um inasserido, um pré-construído (um já-lá), que remete ao que todos sabem, aos conteúdos já colocados para o sujeito universal, aos conteúdos estabelecidos para a memória discursiva.¹
PALAVRA CHAVE: Pensamento, Marcelo nova, O Galope do tempo, Linguagem, Mídia, Ideologia.
Um homem que tem algo a dizer e não encontre ouvintes está em má situação, mas pior ainda estão os ouvintes que não encontrem quem tenha algo a lhes dizer.(Bertolt Brecht)
Sei que não posso vencer, mas o meu coração não se rende. Bob Dylan (Time Out Mind, 1991)
INTRODUÇÃO
Marcelo Drumonnd Nova nasceu na Bahia, mais precisamente em salvador, no dia 16 de agosto de 1951. Filho de uma família de classe média.
* Discentes do curso de Letras, turma 2008.2, Universidade do Estado da Bahia - Departamento de Ciências Humanas e Tecnológicas - Campus XVI – Irecê - BA.
**Professor Orientador
Nova, Marcelo. O galope do tempo. Disco; Copy ryght 2005,
¹(GREGOLIN, 2003:27)
Logo muito cedo tem contato com uma arte que transformaria toda a sua vida, chamada rock and roll. Um dia passeando por uma rua de salvador com seu pai ele ouviu um som que ele acompanharia por toda sua vida. Era Litlle Richards, gritando os sons iniciais de tutti frutti, um clássico do rock. A partir desse dia o menino não foi mais o mesmo. Impressionado com o poder estético e sonoro do rock and roll Marcelo sonha em ter uma banda, sonho que vem se realizar nos anos 1980 com a formação do camisa de Vênus. "Eu costumava tocar guitarra com a raquete de tênis do meu pai quando tinha apenas oito anos de idade. Eu queria ser Elvis, Jerry Lee, Little Richard, depois queria ser John Lennon, Mick Jagger, Keith Richard, Eric Burdon. Eu botava os compactos e fazia dublagem sem saber nada de inglês, ia só no som, sabe aquela... "I want by not you love me, I dont understand... Is very much" entendeu? Então a idéia de montar uma banda me acompanha desde que eu era bem pequeno. Mas morando na Bahia eu achava que isso era impossível, pois quando comecei a trabalhar para comprar meu próprio instrumento, o meu conceito de banda na época era Led Zeppelin, Deep Purple e eu imaginava que era preciso toda aquela parafernália para se ter uma banda. Aí veio o Punk Rock e deu no que deu."
A BAHIA DO CAMISA DE VÊNUS
Nos anos 80 o mundo passa por varias transformações sociais e o Brasil vive o processo de redemocratização através da abertura política. O povo voltava a escolher seus dirigentes e os exilados políticos retornavam ao país. Enquanto a economia passava por um momento catastrófico com uma inflação exorbitante. O rock surge no Brasil com uma moda com as bandas do eixo rio-São Paulo( ultraje-a-rigor,Ira!, Blitz,etc)¹ tomando conta do cenário com um discurso carregado de ingenuidade. O camisa de Vênus formado na Bahia fora do grande eixo vem como um trem na contramão arrasando tudo. A Bahia é identificada pela mídia como um paraíso tropical e místico. Enaltecida pelos artistas da terra como Dorival Caymmi, Caetano Veloso, Gilberto Gil sendo cantada em verso e prosa como a terra do axé. Camuflando a miséria e a violência na qual esta envolvida grande parte da população. Com 80% de um povo negro morando em periferias, e distantes de saneamento básico e com uma educação precária. O que se vê nos meios de comunicação é um estado de alegria e felicidade. O Camisa de Vênus surge como uma voz de denúncia e desmascaramento da sociedade baiana. Logo no lançamento de seu 1º compacto Marcelo nova na canção Controle Total canta: “aqui em salvador a cidade do axé, a cidade do horror”. A mentira velada caindo por terra, pois seu discurso vem de alguém que esta dentro dessa cultura. Alguém que vê o que se passa e a compreende e a revela, assinalando que o Brasil não passa de uma grande Salvador.
O sujeito é um individuo concreto, que se constitui na interação social. E esse o lugar de sua pratica. Ele recebe pelo processo social da educação; através do sistema de valores no qual ele e banha e que é fortemente marcado pela classe social ou pelo nível socioeconômico a que pertence. [...] ²
²BACCEGA, Maria Aparecida. 2003 p.11
Na mesma canção acima citada, Marcelo Nova demonstra o poder da mídia sobre os meios de comunicação: “levante vá tomar café é hora de trabalhar, mas se quiser ligar o radio tem musica feita pra lhe encenar”. Profeticamente vendo o que se tornaria a indústria fonográfica que seria produzida na Bahia. Com uma profunda consciência critica Marcelo nova desafia o Establishment a frente de sua banda expondo toda uma produção baseada no interesse financeiro imediatista.
O ato de fala, individual e único, consiste, na verdade, na apropriação de um processo coletivo _o indivíduo/sujeito apropria-se da cultura que encontra; origina se nesse processo e a ele retorna quando é manifestado. E nesse retorno o indivíduo/sujeito poderá estar “reproduzindo” e o que já estava, ou inovando![...] 3
Após tocarem para um publico de 20 mil pessoas no farol da barra, o Camisa de Venus parte para a gravação de seu 1º LP em são Paulo. Com o lançamento do disco a gravadora sugere a mudança de nome da banda, por ser um nome agressivo e que não cabia a sua divulgação pela mídia. Marcelo Nova responde ironicamente que o nome será mudado para “capa de pica”.
Esses discursos de mascaras são emitidos um sem numero de vezes, reiteran-se, tornam-se estabelecidos. A linguagem então assume o papel de mercadoria. Ela vale tanto mais quanto esteja de acordo com o estabelecido, com o conveniente, com a manutenção do estatus quo. É a sociedade das aparências. [...] 4
Expulsos da gravadora Som Livre, o Camisa de Vênus vai sobrevivendo através dos shows, até conseguir pela RGE a gravação do segundo disco, Batalhões de Estranhos em 1984. No qual está a canção que os torna conhecido em todo o pais, Eu Não Matei Joana D`arc. Levando a banda a vender 100 mil copias. O Camisa de Venus tem uma história de conflitos e rebeldia que torna a sua marca registrada, com um discurso totalmente desconcertante de Nova a banda superou todos os entraves e empecilhos pelo caminho. Lançando mais três álbuns ate a banda terminar com sua formação original: Viva(1986) correndo o risco(1986) o Duplo Sentido(1987). Ressaltando que o disco Viva gravado ao vivo em santos estava recheado de palavrões, com a platéia gritando em uníssono: “Bota pra Fuder”. Um marco na cultura brasileira. Trazendo a realidade da linguagem das ruas como o teatro de Plínio marcos, na peça Dois Perdidos Numa Noite Suja. Com o fim do Camisa de Vênus Marcelo nova parte para a carreira solo. Lançando álbuns de pura beleza artística como: Marcelo nova e a Envergadura Moral (1988).
3 BACCEGA, Maria Aparecida. 2003 p.32
4 Idem, 2003.p.32
Marcelo Nova ainda voltaria a fazer shows e a gravar com o Camisa de Vênus em 1995 lança o álbum Plugado e Quem é Você(1996) com Raul seixas A Panela do Diabo(1989) Blecaute (1991), o primeiro álbum totalmente acústico do mundo. A sessão sem fim (1994), Eu Vi o Futuro Baby, Ele é Passado (1998) e o majestoso O Galope do Tempo (2007)
A identidade do sujeito é um efeito do poder. “A identidade, assim como o sujeito, não é fixa, ela está sempre em produção, encontra-se em um processo ininterrupto de construção e é caracterizada por mutações” [...] 5
Escrito por Xande Campos Capitão às 12h45
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O fã Itamar Campos Ramos publicou um trabalho baseado no Galope do Tempo na Universidade Estadual da Bahia. Agradecemos de antemão ao Itamar pela colaboração e parabenizando pelo trabalho.
TRABALHO ACADÊMICO MARCELO NOVA PARTE II
O fã Itamar Campos Ramos publicou um trabalho baseado no Galope do Tempo na Universidade Estadual da Bahia no campus XVI, que fica em Irecê-Ba.
Agradecemos de antemão ao Itamar pela colaboração e parabenizando pelo trabalho.
O Galope do Tempo
O álbum lançado em 2007, O Galope do Tempo apresenta um Marcelo nova com elucubrações sobre existência humana, como Bob Dylan no álbum Time Out Mind. Nas palavras do próprio Marcelo:” Esse é um disco que diz respeito ao tempo e a minha passagem através dele. Custou-me 13 anos desse tempo precioso para concluí-lo em meio a essa jornada do útero ao caixão.”
O disco inicia-se com o vento soprando. O vento como sendo a única coisa que permanece. Os fenômenos se manifestam e depois desaparecem seguindo o ciclo natural da existência. Na canção Fecundado, apos ter visto seu filho através do ultra-som. Eu vi um ponto de luz pulsando no escuro/ Sem fome sem nome aceso sinalizando o futuro. Nova reflete sobre o processo da vinda de existência do ser. Numa visão existencialista o ser será lançado, cuspido num mundo no qual terá que transformá-lo, torná-lo mais significativo para si.
O tempo passa e em sua passagem vai deixando suas marcas no corpo, na alma em tudo que nos circundam. Há uma percepção quase direta das transformações que sofrem as coisas num grande espaço de tempo, mas quando se trata da mudança em unidade de tempo mínima é quase imperceptível, como no caso de um ser que ao nascer já começa seu definhamento. Na canção o Galope do Tempo que traz em si o nome do álbum, Marcelo nova discorre sobre o tempo em sua trajetória cronológica, trazendo o processo político do mundo, como a guerra, fome, a peste e a morte.
Ao nascer, o homem encontra, portanto, uma história em processo. É como se tomasse um trem em uma determinada estação. Esse trem que carrega a cultura está vindo de muitas e muitas estações. Já transportou milhões e milhões de pessoas entre as varias estações 6
5 FERNANDES, 2005, p. 43
6 BACCEGA, Maria Aparecida. 2003 p.30
Aí vai o galope do tempo no seu corcel alado/Sua trilha, caminho, nosso rumo e destino seu significado/ Vamos tentando encontrar algo que justifique esse estranho legado/ Com a vida e a morte pulsando entre as patas e cascos desse corcel alado. Fatores que sempre aparecem arraigados na natureza do tempo ou como diz o eclesiastes: há tempo para todo o propósito debaixo do sol. A infância é lembrada por Marcelo nova, relatando a sua vida e a relação com seus pais, os primeiros namoros e o contato com os discos de rock na canção outubro de 65: Então logo ia dormir meus discos e desejos espalhados no chão/Sonhava com uma namorada e beijava o travesseiro na escuridão. Mas desde tenra idade a morte parece trazer em sua mente algo que não pode ser simplesmente ignorada: se meu cachorro morreu atropelado/ vai ver que também foi por vontade de Deus. Levando-o a questionar sobre a vida e seu surgimento nesse mundo e a existência de Deus.
“a palavra discurso, etimologicamente, tem em si a idéia de curso, de percurso, de correr por, de movimento” (). Os discursos se movem em direção a outros. Nunca está só, sempre está atravessado por vozes que o antecederam e que mantêm com ele constante duelo [...] 7
Na canção Ninguém Vai Sair Vivo Daqui Marcelo entra na adolescência e tem contato com os livros de adouls Huxley, do qual ele cita as portas das percepções, livro que trata da experiência do autor com a mescalina. Nova vê na arte a transformação de sua visão do mundo: Já faz tanto tempo eu tinha 16/ ele caiu na minha eu li pela primeira vez/ Um livro tão estranho me chamou a atenção/ Mr.huxley me abriu as portas da percepção/ Surgiram novos horizontes, tanta possibilidades/ Encontrar o meu caminho, a busca da verdade/ E talvez a mais simples que eu logo aprendi/ É que ninguém vai sair vivo daqui.A vida como sendo única e sem retorno, leva Nova a analisá-la e tentar vive-la intensamente. Também daí se manifesta uma visão critica do mundo: O tempo passou, mas depressa que eu pensei/ O que era uma exceção agora parece ser lei/Gente bebendo chuva, pessoas comendo lixo/ Dormindo nas calçadas crianças virando bicho. A mídia é denunciada como alienadora e mantenedora do Establishment. Diz Nova: "Um fato desagradável é que a mediocridade está definitivamente instaurada na sociedade contemporânea como um vírus, para o qual ainda não há cura.
A linguagem provoca posturas aparentemente dicotômicas: ou uma entrega total ao que se esta “recebendo” – credulidade- ou uma reserva muito grande –reticência. Segundo Lefebvre no primeiro caso temos os ingênuos e no segundo os desconfiados [...] 8
7 ENI P. orlandi, 1999, p. 15
8 BACCEGA, Maria Aparecida. 2003 p.3
Escrito por Xande Campos Capitão às 12h41
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TRABALHO ACADÊMICO SOBRE MARCELO NOVA PARTE III
A mediocridade hoje é aceita, às vezes, aplaudida, outras vezes protegida, mas acima de tudo ela tem sido incentivada. Só ha dois fatos irreversíveis no mundo contemporâneo: A morte e a mediocridade. Com a clonagem só restará a mediocridade”. E a canção segue: No rádio uma canção feita pra anestiar/ Enquanto a voz lá do planalto parece comemorar.
Em Dois Passos Pra Frente e Um Para trás, nova percebe a mudança de todos os fenômenos manifestos e as mudanças que passa dentro de si mesmo: o tempo vai voando, sai o ano entra o mês/ tudo vai mudando, então muda outra vez/ eu já não sou o mesmo, você esta tão diferente/ tudo vai mudando, então muda novamente.
O tempo vai seguindo em sua linearidade deixando suas marcas, lembranças, tristezas e alegrias. Há uma visão ao passado e por tudo e todos que compõe o conjunto de sua vida.
O individuo sujeito apropria - se da cultura que encontra; origina se nesse processo e a ele retorna quando é manifestado. E nesse retorno o individuo sujeito poderá estar “reproduzindo” o que já estava ou inovando [...] 9
A Balada do Perdedor é uma canção onde nova expõe o mundo artístico no qual ele estava inserido e que lhe foi oferecido, um mundo de luzes e fantasias no qual as trevas de sua cruel realidade é disfarçada. Nova renega esse mundo compreendendo a escravidão e as algemas que prende os artistas aos quais por ele estão fascinados. São como insetos que encontram sua destruição ao ir em direção a luz. A liberdade do processo criativo é a primeira das dignidades artística que se perde, o artista se torna uma marionete, não podendo exercer suas reais potencialidades. A noite parece tão promissora, luzes por todo o lugar/decote sorrisos, sussurros, cheiro de conquista no ar/ E eu aqui sozinho, tentando fazer esse isqueiro funcionar/ Parado em frente a porta do paraíso, mas sem vontade de entrar. A idéia do isqueiro sugere a possibilidade de provocar, causar, instigar um mundo que esta dormindo no profundo sono da letargia e ignorância.
A ideologia só existe na prática social. Ela se constitui num sistema de valores, pleno de representações, de imagens - modo de ver o mundo, modo de ver a sociedade, modo que o homem se vê a si e aos outros . Enfeixa os pontos de vista dos homens que vivem num determinado grupo, classe social ou nação. Tem o poder de “condicionar as atitudes dos homens” e levá-los a praticar ( ou considerar que praticam) ações que eles consideram as mais adequadas para não se desviar desse sistema de valores. Mostra-se coerente sistematizada, o que lhe garante sua força. [...]10
9 BACCEGA, Maria Aparecida. 2003 p.32
10 Idem, 2003 p.34
A amizade, o amor, a lealdade é tratada em Angel que revela uma canção de lamento sobre uma luta solitária contra o que está duramente estabelecido. Retrata uma amizade que atravessou ventos, mares revoltosos tempestades. Mas que ficou perene no coração. Uma amizade que jamais será esquecida: Mas não há luz suficiente/ em toda essa escuridão/ Que possa varrer suas sombras/ Dos cantos do meu coração/ Oh! Angel.
Esse anjo que não nos aparece tão claro na canção de Marcelo de quem seja. Faz nos lembrar no decorrer da letra de Raul seixas, parceiro que viveu com Nova momentos tão intensos e vibrantes e dolorosos. A força da vitalidade vai se desvanecendo aos poucos, a capacidade da resistência aos ventos impetuosos não é mais a mesma: Houve um tempo em que não havia/ Vento capaz de te levar/ Nem no olho do ciclone/ Nem nos grandes lábios do mar. Lembra Raul quando já debilitado de saúde e cansado da luta “da espada de Ivanhóe contra o raio laser do sistema”. Marcelo faz um remake de tudo vivido e afirma que o que permanece é a intensidade do que foi vivido: M o castanho dos seus olhos/ outros olhos irão guardar.
Impossível é moldar uma forma que defina o sujeito sem essa relação que trava com o outro. Fernandes afirma que “compreender o sujeito discursivo requer compreender quais são as vozes sociais que se fazem presente em sua voz” [...] 11
Mas o coração fala mais alto e a rebeldia é tida como uma redenção em Vamos Passando. A solidão se torna a marca que separa o que é incomum do que é trivial e repetitivo: Algumas vezes calados/Fazemos tanto barulho/’’As vezes tão solitário pra sentir orgulho. As dificuldades da vida se manifestam e não há um esquivamento fugidio, mas simplesmente uma maneira de se defender melhor: algumas vezes entorta/ outra vezes dá certo. Pois a luta, é parte natural da vida. Temos que lutar e não importa se vamos vencer ou não. Mas temos que encarar a vida e torná-la mais significativa. Como diz Nova: “O que importa é estar no ringue”.
A morte esta a nossa frente a todo o momento e não há nenhuma maneira de escapar, os verdadeiros valores da vida se contrapõe ante as ilusões com as quais consumismos nossas vidas. O que vale apena a ser feito e o que não, Marcelo propõe em Poeira no Chão: Nós dançamos num telhado/ Que vai um dia desabar/ Os anéis saem dos dedos/ e os ossos vão secar/Sua carne apodrecida logo um verme vai comer/ Pergunte ao rei ou ao mendigo eles logo vão dizer.
11 FERNANDES, Cleudemar. 2005, p.35
Todos os fatores levam a morte e nenhum nos fará manter vivos. Mesmo nessa certeza, nessa inevitabilidade é necessário um olhar sobre a vida e não nos lançarmos num desespero hedonista, pois o prazer desenfreado esta carregado de dor.
“possuir e conservar tudo quanto lhe propicie alegria e afastar e excluir tudo quanto lhe traga tristeza”“o que fortalece e foge do que enfraquece” [...] 12
Em Inez dorme nova adentra o mundo feminino no qual a mulher consegue subtrair-se dos problemas cotidianos mais gritantes. Não como um ser alienado, distante da realidade, mas como um ser capaz de isolar-se de penetrar-se em si mesmo, como uma tartaruga que recolhe seus membros. O mundo empenou na tela da televisão/ Deu tudo errado, derrapou parece não ter jeito não/ Mas só a dois palmos do chão Inez dorme.
[...] “uma representação’ imaginária dos indivíduos em suas condições reais de existência” [...] 13
A citação de seus ídolos sempre foi uma constante na obra de nova, seus primeiros álbuns já estavam pontuados de pessoas que ajudaram a construir sua personalidade como Bob Dylan, Oscar Wilde, em O Fantasma de Luis Buñuel, Nova expõe a provocação como uma das funções básicas da arte; Se a evidências não tivessem caído maduras/ É muito provável que você as tivesse negado. Marcelo nova sempre viu a arte como uma forma de transformar a realidade, de desmascará-la. Marcelo nunca soou com uma voz uníssona, fez seu caminho a margem, fora do oba-oba artístico: Tão em cima dos trilhos e no entanto tão fora do tom.
Como categoria constitutiva da ideologia, será somente através do sujeito e no sujeito que a existência da ideologia será possível [...]14
13 ALTHUSSER, 1983, p. 85
12 CHAUI, M. CHAUI, 2003
14 ALTHUSSER, apud BRANDÃO1994, p. 23
Escrito por Xande Campos Capitão às 12h36
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TRABALHO ACADÊMICO SOBRE MARCELO NOVA PARTE IV
Diante de um sentimento de perplexidade, de vazio, Nova em a Torre Escura expõe um mundo em que nada consegue comove-lo: Confiro meus bolsos vazios/Em busca de algo que não sei o quê/ Não sinto fome, sede/Não sinto nada/ Não há nenhuma lua no céu/ Nem chuva, nem Venus, nem fogo/ Que ilumine a pequena torre.
Ideologia não é nem representação e nem ocultação da realidade. “Ela é uma prática significativa. Necessidade da interpretação, a ideologia não é consciente: ela é efeito da relação do sujeito com a língua e com a história em sua relação necessária, para que se signifique” [...] 15
Na canção o Sonho Nova demonstra um profundo encantamento pelo mistério da existência: Quando lhe encontrei não acreditei/ Pois você não existia/ Como pode a ciência tentar/ Explicar tamanha bruxaria/ Esse pequeno invasor na noite/ Do ventre vir a tona um dia. E vê o prolongamento da sua existência nos traços de seu filho: E quando já não puder ver, por seus olhos enxergarei/ E quando já não puder dizer, pela sua boca falarei/ Equando já não puder tocar, com seus dedos sentirei/ E quando já não mais existir em você eu estarei.
O que define de fato o sujeito é o lugar de onde fala. Foucault diz que “não importa quem fala, mas o que ele diz não é dito de qualquer lugar” [...] Esse lugar é um espaço de representação social (ex: médico, pai, professor, motorista etc.), que é uma unidade apenas abstratamente, pois, na prática, é atravessada pela dispersão. [...] 16
Em o Deus de Deus nova questiona a divindade cristã e a rebeldia do homem em relação à mesma. Pois se algo existe deve ter sido criado: os animais acharam que seu Deus não era justo. Na visão de Nova o mundo no qual os homens estão inseridos não há um Deus, nessa visão existencialista o homem é cuspido, num mundo hostil sem ninguém para defendê-lo. E na sua jornada o homem vai transformando e moldando seu caráter de acordo como compreende e relaciona-se com esse mundo.
Fernandes, “a constituição do sujeito discursivo é marcada por uma heterogeneidade decorrente de sua interação social em diferentes segmentos da sociedade” [...] 17
15 ENI P. orlandi. 1996, p.48
17 FERNANDES, Cleudemar. 2005, p. 41
16 FOUCAULT, Michel. 2005, p. 139
Em Fim de Festa, há prenuncio do fim da vida. Uma preparação para a despedida. Um balanço geral. Alguns arrependimentos e afirmações: Às vezes não é bom lembrar/ De algumas escolhas que fiz/ O fantasma das decisões erradas/ Sempre fez pouco de tudo que eu quis.
O sentido de uma palavra nasce apartir de novas teorias, de novos conteúdos - de novas ações humanas. Enfim. Essas novas ações brotam a cada momento no cotidiano, muitas vezes num processo lento, outras vezes rapidamente de acordo com o momento histórico [...] o novo é sempre resultado do que já era. [...] 18
O álbum encerra com a canção da morte, sempre companheira a morte enfim nos enlaça. Há certa tristeza, mas também uma profunda compreensão de que a morte esta atrelada a vida. Não há uma negação pueril, mas há aceitação da morte como um complemento da vida. A morte esta inerente a todos: Hei pai-morte estou voando pro ninho/ Nesta noite fria estou tão sozinho/hei velho pai sigo seu caminho/ Irmao-morte não chora mais nada/ Minha mãe também já descansa calada/ Cavalheiro morte, por favor, traga a espada.
Assim foi dito por Budha, O iluminado: O que nasceu há de morrer,
O que foi reunido se dispersará, O que foi acumulado há de se esgotar, O que foi construído há de ruir. E o que foi elevado há de baixar.
“Minha religião é viver-e morrer- sem arrependimento”.
Milarepa.19
Considerações finais
O álbum o galope do tempo é um disco contundente e relevante dentro da cultura brasileira. É um disco conceitual e coerente, com inicio, meio e fim. Marcelo nova faz todo o trajeto da vida até a morte. Fora dos padrões midiáticos imediatistas. Nova se mantêm como uma voz, uma atitude. Distante do curral limitado do atual cenário artístico. Nova se torna um artista único, revolucionário, portador de um discurso tocante e desconcertante. Marcelo Nova é o ultimo dos moicanos, o sobrevivente em um país alastrado por uma felicidade e alegria demente. Em suas próprias palavras: Novos dogmas são planejados/Velhos anseios são adaptados/O tecno-fascista mostra o caminho/Siga a matilha ou vai morrer sozinho/ Tudo tão legal de admirar/ tudo alto astral/ acho que vou... Vomitar.
18 Ananda k. Coomaraswamy. 1967
19 BACCEGA, Maria Aparecida. 2003 p.32
20 Rinpoche, Sogyal. 2003 p.30
Referências
ENI P. orlandi. análise de discurso:princípios e procedimentos.
Campinas São Paulo Pontes, 6° Ed. 2005
ALTHUSSER, L. Aparelhos ideológicos de Estado:
nota sobre os aparelhos ideológicos do Estado. Rio de
Janeiro: Graal, 1983.
BACCEGA, Maria Aparecida. Palavra e discurso. 1. Ed. São Paulo: Ática,2003
BRANDÃO, Helena H. Nagamine. Introdução a análise do discurso. São Paulo: Editora da Unicamp, 1994.
Cabral dos (Orgs). Teorias Lingüísticas: problemáticas contemporâneas. Uberlândia, EDUFU, 2003
CHAUI, M. Política em Espinosa. São Paulo:
Companhia das Letras, 2003.
FERNANDES, Cleudemar. Análise do Discurso: reflexões introdutórias. Goiânia: Trilhas Urbanas: 2005
FOUCAULT, Michel. A Ordem do Discurso. ed. 5°. São Paulo: Loyola, 1996. A arqueologia do Saber. ed.7°. Tradução Luiz Felipe Neves. Rio de janeiro: Forense Universitária, 2005.
GREGOLIN, Maria do Rosário Valencise. Análise do Discurso: Lugar de
Enfrentamentos Teóricos. In: FERNANDES, Cleudemar Alves; SANTOS, João Bosco
Rinpoche, Sogyal Livro tibetano do viver e do morrer. Ed. Clara luz. 2003
NOVA, Marcelo. O galope do tempo. disco; Copy ryght 2005,
ORLANDI, Eni P. Interpretação: Autoria, Leitura e Efeito do Trabalho Simbólico.
Petrópolis: Editora Vozes, 1996.
SILVIO, Essinger. Punk: anarquia planetária e a cena brasileira. 1. Ed. Rio de janeiro: 34 ltda, 1999.
Ananda k. Coomaraswamy. o pensamento vivo de Buda. 7 ed. São Paulo: Martins editora.1967
Itamar Campos Ramos publicou um trabalho baseado no Galope do Tempo na Universidade Estadual da Bahia.
O PARTO DA PUTA
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((ROÇAR DE CORPOS.............))
((ROÇAR DE CORPOS.............))
Postado por Sedutora AnNe
E É NO ROÇAR DOS NOSSOS CORPOS
QUE EU LHE SINTO
LHE PERCEBO
LHE TOCO
ACARICIO
DEGUSTO
ENLOUQUEÇO
DESFALEÇO
ESTREMEÇO
ME LAMBUZO
GOZO
((NOVIÇA FADA))
Postado por Sedutora AnNe
E É NO ROÇAR DOS NOSSOS CORPOS
QUE EU LHE SINTO
LHE PERCEBO
LHE TOCO
ACARICIO
DEGUSTO
ENLOUQUEÇO
DESFALEÇO
ESTREMEÇO
ME LAMBUZO
GOZO
((NOVIÇA FADA))
''BAILANDO EM BEZERROS''
ouço quitarras, e violinos e tropetes, há quilometros de distançia
mas acho isso triste pois eu não consigo ouvi tua voz
tenho dinheiro isso é bom,mas não é bom suficiente
pois ele não traz voce,pois eu comprei flores roubada
e isso mim faz um ladrão,fiz isso pra ti agradar
mas voce queria mas ,e isso é normal
um uno way com os fárois de milhas e pneus de liga leve
com bancos de couro e ar condicionado
da cor de sua preferençia.
no verão as garotas se enche de maquiagem
e vão á praia apenas para se sentir menos vazia
enquanto voce ler caio fernando abreu e aldous huxley
elas acenam seus cachecóis tão démodé
que seus sorrisos mas parecem piranhas empalhadas
mas nada disso apaga seu brilho
pois todos dançam ao teu redor e os teus pés
continuam lustrado.
eu gostaria de fazer uma prece pra voce
mas meus amigos dizem que não tenho fé
e os anjos podem mim ignorar
mas eu não ligo pois estar a teu lado já é o paraiso.
agora posso pegar tua mão e ti levar á praia
mas o lixo não nos deixam caminhar
apenas jesus consequiria caminhar sobre o lixo
mas eu não tenho a fé necessária,eles dizem.
por isso é mas fácil fazer uma canção de amor
pra voce com apenas dois acorde e nada mais
sem violinos nem tropete apenas o baralho do mar..
-plebe poetica
mas acho isso triste pois eu não consigo ouvi tua voz
tenho dinheiro isso é bom,mas não é bom suficiente
pois ele não traz voce,pois eu comprei flores roubada
e isso mim faz um ladrão,fiz isso pra ti agradar
mas voce queria mas ,e isso é normal
um uno way com os fárois de milhas e pneus de liga leve
com bancos de couro e ar condicionado
da cor de sua preferençia.
no verão as garotas se enche de maquiagem
e vão á praia apenas para se sentir menos vazia
enquanto voce ler caio fernando abreu e aldous huxley
elas acenam seus cachecóis tão démodé
que seus sorrisos mas parecem piranhas empalhadas
mas nada disso apaga seu brilho
pois todos dançam ao teu redor e os teus pés
continuam lustrado.
eu gostaria de fazer uma prece pra voce
mas meus amigos dizem que não tenho fé
e os anjos podem mim ignorar
mas eu não ligo pois estar a teu lado já é o paraiso.
agora posso pegar tua mão e ti levar á praia
mas o lixo não nos deixam caminhar
apenas jesus consequiria caminhar sobre o lixo
mas eu não tenho a fé necessária,eles dizem.
por isso é mas fácil fazer uma canção de amor
pra voce com apenas dois acorde e nada mais
sem violinos nem tropete apenas o baralho do mar..
-plebe poetica
BILIRI
- BILIRI
Imerso no signocavalgona direção das explosões latentes.O pânico é o instrumentoque desgasto.A fúria das estaçõesinvade o tempo indefeso.Um Deus cochila dentro de nós,receamos acordá-lopor temer sua amorosa violênciade Deus Despertado que nos devolve.Calamos na calada dos sonhos,deprezamos os brinquedos arrebentadospor esquecer que a inocênciapode tudoque é um império.A vertigem da mágoatem tinta pouco claramas efeito expressivo vigoroso,é preciso imprimir novas cores.Seria fácil te roubaruma flormais ++quero plantar em tium jardimcom minhas sementes fecundas...em teus recantos ociososabolir o monopólioda dispersão.Minerva te inspirará.E COMO A PRUDENC!A Q FORAENGOL!DA POR SEU PA!SE! Q CABE AOS MORTA!SSER PRUDENTES Y ARROJADOSP/ DESTRU!R COM OS !DOLOSDOS PES DE BARROS, CR!ARNOVAS MASCARA P/ O SEU DEUSOU ATE FE!TO CAVALOS SELVAGENSCH!COTAR POR AMOR NUS OLHOSOU LAM!NA-LOS COMO O F!ZERA1 CERTO BUÑUEL..o SE! UMAS DAS FORMAS
DE HONRRARMOS OS DEUSESÉ OS DESMACARANDO-OS,DESTRU!NDO-OS...SAQUEANDO O SEU TRONOOU TREPARMOS EM SEU ALTAR SAGRADO...
o REFAREMOS A H!STOR!A
E DESPOLUIREMOS ESSA DECADENC!ACOM UMA NOVA FANTASIA...ASSIM COMO PRIAMOS Q NUSDEU O FOGO CELESTE...OU LUCIFER SERPENTEAT!VOA NUS DAR TOQUES NO EDENSEREMOS DEUSESSEMEANDOSEMENTESSEMENENTESPRESENTE...
-Policarpo Sendas-C.P.B.P.JR:
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