terça-feira, 9 de outubro de 2012

SERÃO ELES JOVENS








Enquanto as rugas marcam 
rasgando os traços de uma pele envelhecida, 
a mente luta para continuar desperta 
quando as mãos começam a ficar estremecidas. 
Falam dos tempos antigos, 
resmungam dos tempos de agora 
e prevêem os futuros sem cartas ou palmas. 
Suas roupas têm vestígios de guerra, 
seus cabelos poucos já não tem mais cor. 
Entre as fotos, bulas, recordações, 
dos pequenos, dos novos e de si mesmos, 
à espera do momento de partir, 
não sabendo se têm medo de ir, 
preocupação com os que vão ficar, 
ou quantos mais ainda irão velar. 
Foram eles jovens? 

Na disputa contra o relógio, 
manhãs e noites sem dormir. 
Tão cheios de sonhos e objetivos a cumprir, 
não têm tempo para os filhos, 
mas na agenda sempre tem espaços de beleza, 
horas de programações para tantos sins. 
Impacientes e dedicados, 
dão o próprio sangue por migalhas no período do fim. 
Descontam as perdas em novos vícios, 
esquecem as datas importantes, 
e nunca perdem os fatos relevantes. 
Futuro próximo, futuro futuro, 
não importa o si, nem os seus. 
O tempo não cessa 
mas uma parada 
torna-se obrigatória em algum instante. 
Perde-se tudo, quase todos. 
Deixaram eles de ser jovens? 

Questionamentos, idades, amizades, 
hormônios, corpos, mentes, 
dúvidas, sentidos, sentimentos 
e algum vazio. 
Tudo parece tão rápido, 
precisa sê-lo 
ou é atropelado. 
Transformam-se os vínculos, 
rebelam-se contra um infinito de impossibilidades. 
São solitários, embora às vezes, repetitivos, 
cativantes, inocentes ou delinquentes. 
Nada serve, 
tudo é injusto 
e morrer não faz falta. 
Sonham, desejam e apanham. 
São mesmo jovens?

A pele estica, os ossos crescem, 
os olhos brilham, os sorrisos conquistam, 
os risos contagiam. 
Têm uma atenção e memória incalculáveis, 
e os pensamentos são tão ocultos 
quanto os mistérios de sua formação. 
Tudo é novo, são incontáveis as descobertas, 
impressionam e chantageiam 
ao mesmo tempo em que choram fazendo chorar. 
São leves na alma, pesados no bolso, 
e incríveis nos braços. 
Mesmo as lágrimas mais falsas 
têm seus sujeitos e verbos, 
substantivos ou predicados. 
Suas primeiras linhas 
contornam um imaginário indiscutível, 
enquanto que as cores bordam múltiplas estampas. 
Entre arte e fantasia, 
toda uma eternidade para desvendar. 
Serão eles jovens.



(Por Marcinha Girola)





2 comentários:

  1. Uma vida inteira a se questionar,perdemos tanto tempo ao lembrar do passado e esperar pelo futuro,a vida segue e a velhice chega pra nos cobrar o que fizemos e o que infelizmente não tivemos coragem de fazer.E tem muito jovem com pensamentos envelhecidos e tem muito velho que mais parece um menino.

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  2. COMO DIZ SR: OSWALDO + OU - : "Q A ARTE NUS APONTE UMA SAIDA, MESMO Q ELA NAO SAIBA OU NAO QUEIRA".

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