Enquanto as rugas marcam
rasgando os traços de uma pele envelhecida,
a mente luta para continuar desperta
quando as mãos começam a ficar estremecidas.
Falam dos tempos antigos,
resmungam dos tempos de agora
e prevêem os futuros sem cartas ou palmas.
Suas roupas têm vestígios de guerra,
seus cabelos poucos já não tem mais cor.
Entre as fotos, bulas, recordações,
dos pequenos, dos novos e de si mesmos,
à espera do momento de partir,
não sabendo se têm medo de ir,
preocupação com os que vão ficar,
ou quantos mais ainda irão velar.
Foram eles jovens?
Na disputa contra o relógio,
manhãs e noites sem dormir.
Tão cheios de sonhos e objetivos a cumprir,
não têm tempo para os filhos,
mas na agenda sempre tem espaços de beleza,
horas de programações para tantos sins.
Impacientes e dedicados,
dão o próprio sangue por migalhas no período do fim.
Descontam as perdas em novos vícios,
esquecem as datas importantes,
e nunca perdem os fatos relevantes.
Futuro próximo, futuro futuro,
não importa o si, nem os seus.
O tempo não cessa
mas uma parada
torna-se obrigatória em algum instante.
Perde-se tudo, quase todos.
Deixaram eles de ser jovens?
Questionamentos, idades, amizades,
hormônios, corpos, mentes,
dúvidas, sentidos, sentimentos
e algum vazio.
Tudo parece tão rápido,
precisa sê-lo
ou é atropelado.
Transformam-se os vínculos,
rebelam-se contra um infinito de impossibilidades.
São solitários, embora às vezes, repetitivos,
cativantes, inocentes ou delinquentes.
Nada serve,
tudo é injusto
e morrer não faz falta.
Sonham, desejam e apanham.
São mesmo jovens?
A pele estica, os ossos crescem,
os olhos brilham, os sorrisos conquistam,
os risos contagiam.
Têm uma atenção e memória incalculáveis,
e os pensamentos são tão ocultos
quanto os mistérios de sua formação.
Tudo é novo, são incontáveis as descobertas,
impressionam e chantageiam
ao mesmo tempo em que choram fazendo chorar.
São leves na alma, pesados no bolso,
e incríveis nos braços.
Mesmo as lágrimas mais falsas
têm seus sujeitos e verbos,
substantivos ou predicados.
Suas primeiras linhas
contornam um imaginário indiscutível,
enquanto que as cores bordam múltiplas estampas.
Entre arte e fantasia,
toda uma eternidade para desvendar.
Serão eles jovens.
(Por Marcinha Girola)
Uma vida inteira a se questionar,perdemos tanto tempo ao lembrar do passado e esperar pelo futuro,a vida segue e a velhice chega pra nos cobrar o que fizemos e o que infelizmente não tivemos coragem de fazer.E tem muito jovem com pensamentos envelhecidos e tem muito velho que mais parece um menino.
ResponderExcluirCOMO DIZ SR: OSWALDO + OU - : "Q A ARTE NUS APONTE UMA SAIDA, MESMO Q ELA NAO SAIBA OU NAO QUEIRA".
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