segunda-feira, 27 de maio de 2013

Deja vu contrario





O retrato de meus pensamentos não cabe em tela humana. Exibe-se de modo celeste, sabe que a muitos engana. Esse emaranhando de fios que você vê são restos podres de idéias, os cactos azuis são as vontades oprimidas de se dizer um “por quê?” A ponte, onde ninguém passa é minha vontade de não enxergar loucuras. O trilho é o seguimento de coisas perdidas em um limbo sem fim, mas o que impressiona é a árvore de flores vermelhas e folhas amarelas, a necessidade de viver um amor e se perdoar por tristezas não cometidas. Não menos importantes, existem as latas de lixo, um de meus abrigos psíquicos, lugar de onde sai metade do que falo, mas nunca algo que quero dizer. Lá nasceram duas metades de mim, agora, a mais criminal se aflora e diz “acorde!”
Inicio assim a idéia de que meu uivo não passa do retrato dos meus pensamentos. São nessas noites frias que poetas da geração primata são encarcerados por terem sentimentos tão a flor da pele, se escuta o canto recital de poeta, como eu em meio a imundice pós-social, onde os ruins já não contaminam os bons, por serem tão perfeitos, tendo cada um único sentido para gritar surdamente nos ouvidos alheios um belo foda-se. Mas eu só vim avisar a eles que todo momento vivido não pode ser revivido, muito menos desvivido.
Que entre os tíquetes “vale bom-dia” eu achei um “vale abraço”.
Que enquanto as trevas consumiam minha cabeça, metade de minha vida assistia calada, ignorando cada pergunta feita em sua língua, mas eu não poderia uivar sem citar dois profanos, cigarros de pífano, acesos, pela noite. Profanos sinceros até minhas idéias darem certo, acompanhados por uma garrafa de vinho, duas carteiras de cigarros meio cheias e algo que até então eu desconhecia, procurando idéias de primatas, para se entorpecerem diante da morte. Foram homens que escalaram a morte no meio de um cemitério sem fim.
 “Silêncio, eles podem nos ouvir, shi shi shi shi, silêncio, pois eles podem nos ouvir.”
Correndo e pulando fingindo que amanhã não há sol , com suas carteiras expostas procurando um que se arrisque a viver.  Agora lhe lembro de uma coisa, o garoto viciado em visão, tinha idéias tremendas, quais depositava em seu caderno nunca escrito e em segredo, tocava-se profundamente, em busca  da experiência nirvanica. Procurou a mesma idéia na metade de sua vida e mais uma vez foi ignorado, por ser humano e não negar seu passado, a origem obscura do humano misturado aos ratos segue a viver em um ato. Poderia talvez expor a necessidade, de sentir novamente aquele estupro mental obscuro, qual só ele acreditava ter acontecido , mas, pensando só, isso valeu por ter se tornado e achado que essa experiência só o perturba . Poderia parar de sussurra, mas ainda é necessário, pararia agora apenas para transar com metade de minha vida, que por situação extrema, sairia insatisfeita. Foi de onde veio a necessidade de falar, citações filosóficas aborígenes, que eles talvez não existissem, pois foram inventados por todos os lados e se faziam de preocupados para enxergar além do que podiam ver.
Mas a realidade é diferente, solitário, velho, pensativo, fumante, suicida, alcoólatra, destemido, intocável, medíocre, terceirizado, invencível e premeditado. Afinal, eu já vivi isso tudo mesmo. 

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