terça-feira, 4 de janeiro de 2011

FILOSOFIA NO BRASIL (POR RINALDO DE FRANÇA LIMA)

Filosofia no Brasil


EXISTE OU NÃO FILÓSOFOS E/OU FILOSOFIA BRASILEIROS?



Resumo: Com o presente e curto ensaio monográfico eu pretendo demonstrar que existem filósofos brasileiros; existe uma filosofia feita no Brasil e de qualidade reconhecida; que não existe uma filosofia genuinamente brasileira dentro dos modelos tradicionais, mas que o quadro vem mudando nos últimos tempos e podemos vislumbrar um futuro promissor para a história do pensamento brasileiro. O método que utilizei foi o da simples pesquisa de nomes de peso na história da filosofia brasileira, aliado ao meu próprio modo de filosofar, que é o de fazer anotações no meu dia a dia.



INTRODUÇÃO



Engana-se quem pensa que não há filosofia no Brasil e, em conseqüência, que não há filósofos. Não se pode falar de uma tradição, eminentemente brasileira, num país tão jovem quanto o Brasil. Seria, talvez, um contrassenso exigir de nosso país uma filosofia nos moldes da grega, alemã, inglesa ou francesa, quando forçosamente temos que considerar a história milenar dessas civilizações. Não estariam os nossos teóricos exagerando ou exigindo de nós brasileiros, do ramo, uma produção filosófica própria além daquela que podemos efetivamente oferecer? O pensamento de uns não pode ser tomado de forma dogmática e... Ponto final. Não! Ninguém é detentor da verdade. Uma pessoa não pode conhecer todas as pessoas que pensam, escrevem e publicam num país. Muito menos conhecer todas as obras publicadas.



NOMES DE PESO NA HISTÓRIA DO PENSAMENTO BRASILEIRO



Muito embora não possuamos uma tradição filosófica intrinsecamente brasileira, o pensamento filosófico brasileiro já começa a tomar corpo a partir do século XVIII, passando por sucessivas mudanças até chegar aos dias atuais. Sabe-se, por exemplo, que durante todo o século XIX uma doutrina foi difundida no Brasil, abrigando grandes nomes, a exemplo de Benjamin Constant, Miguel Lemos e Teixeira Mendes, o positivismo. Por volta da metade do século XIX, correntes evolucionistas e culturalistas encontraram aqui no Brasil renomados representantes, como por exemplo, Tobias Barreto e Silvio Romero, ambos naturais do Estado de Sergipe, sendo o primeiro partidário do culturalismo e o outro do evolucionismo de Spencer. Daí, podemos inferir que um pensamento não nasce adulto, pronto. Tal analogia pode ser aplicada tanto ao pensamento de um indivíduo, quanto ao pensamento evolutivo de uma sociedade, no caso em estudo a sociedade brasileira. Ele precisa de tempo para ser maturado.

Da lavra de Tobias Barreto (1839-1889) podemos citar suas “Obras Completas”, editadas pelo Instituto Nacional do Livro, nas quais estão inclusos os seguintes títulos: “Ensaios e Estudos de Filosofia e Crítica” (1875), “Brazilien wie ES ist” (1876), “Ensaio de pré-história da literatura alemã”, “Filosofia e Crítica”, “Estudos Alemães” (1879), “Dias e Noites” (1881), “Polêmicas” (1901), “Discursos” (1887) e “Menores e Loucos” (1884).

De Silvio Romero (1851-1914), entre outras obras, merece destaque: “A filosofia no Brasil”, obra que viria causar grande polêmica com seu condiscípulo Souza Bandeira. Infelizmente, não tive como ir além na pesquisa sobre Souza Bandeira, visto que o autor pesquisado não dá mais detalhes sobre o personagem. Para habilitar-se à cadeira de Filosofia do Colégio Imperial Pedro II, Sílvio Romero defendeu a tese “Da interpretação filosófica na evolução dos fatos históricos”, tendo logrado aprovação. Em 1894 publica obra de crítica ao positivismo, intitulada “Doutrina contra Doutrina” e no ano seguinte publicou os “Ensaios de filosofia do direito”.

Um nome não pode deixar de ser citado: Raimundo de Farias Brito, tido como um dos filósofos brasileiros de grande prestígio e originalidade. Nascido em São Benedito, Ceará, em 1862, entre várias de suas obras podemos destacar “A Filosofia como Atividade Permanente do Espírito Humano” e “Finalidade do Mundo”, obras onde o autor demonstra um incansável esforço em busca da verdade. Entretanto, em sua época eram escassos os leitores para assuntos filosóficos, fato que se prolonga até os nossos dias, o que não significa que não tenhamos filósofos no Brasil e, mais, que esse quadro negativo venha experimentando uma evolução positiva a cada dia. E se não existem leitores, ou autores, que se disponham ao debate, que culpa tem o filósofo? O filósofo existe, é óbvio, já o debate...! É outra história! Podemos não ter, como dito linhas acima, uma filosofia genuinamente brasileira, mas filósofos temos, sem dúvida.

Para Farias Brito, a Filosofia é um trabalho constante que o espírito assume no sentido de ver o mundo em sua totalidade, dentro da qual a consciência desenvolve sua atividade. Para ele, consciência e espírito se identificam. É missão da Filosofia, segundo esse filósofo, trazer à luz o que está encoberto sob o manto da ignorância e se apresenta ao homem como um mistério. Podemos não esclarecer tudo, mas temos obrigação de pelo menos tentar esclarecer o melhor que pudermos. Em síntese, procura esse pensador desenvolver uma investigação de caráter próprio acerca dos principais temas filosóficos atrelados aos problemas existenciais: a verdade, a vida, a dor, a morte. Segundo Farias Brito, a moral é a finalidade última da filosofia. A filosofia, enfim, precisa atender as inquietações inerentes ao ser humano.

Outro nome igualmente importante surge no início do século XX: Leonel Franca, considerado um dos mais expressivos do pensamento filosófico brasileiro desse período. Desempenhou importante papel na restauração e renovação do pensamento tomista, frente às questões advindas das doutrinas materialista e espiritualista. Nascido em São Gabriel, Rio de Janeiro, em 1893, foi um sacerdote católico e professor brasileiro. De suas obras podemos destacar como as mais importantes: “Noções de História de Filosofia” (1918), “A Igreja, a Reforma e a Civilização” (1922) e “Pensamentos Espirituais”, publicados postumamente em 1949.

Dom Luciano José Cabral Duarte, aracajuano nascido em 1925, é arcebispo emérito de Aracaju, e merece entrar nesta lista de homens do pensamento brasileiro. De D. Luciano cito apenas uma obra: “La Nature de l’intelligence dans de thomisme e dans La philosophie de Hume” , tese de doutorado em Filosofia apresentada na Sorbonne. O texto completo está disponível na Internet no site “books.google”, em francês, e tem 387 páginas.

Antônio Paim, baiano, nascido em 1917, tem lugar de honra nesta galeria, pela importância de seu trabalho na arte do pensamento. Sua obra de vulto, “Bibliografia Filosófica Brasileira”, em dois volumes, foi publicada em parceria com Miguel Reale. Paim tem desenvolvido amplo trabalho de pesquisa e reedição de textos na área de filosofia brasileira, ou filosofia no Brasil, como queiram. O conteúdo de sua atividade de pesquisa pode ser resumido em três itens: a) Estudo da Filosofia Brasileira; b) Estudo do Pensamento Político Brasileiro; c) Estudo das Idéias Morais no Brasil.

Parafraseando um renomado historiador, cujo nome me foge à memória neste momento, recordo que dizia ele que o homem, por onde quer que ele passe, aí estaria a sua história, bem assim ocorre com o filósofo, o pensador. Dito com outras palavras, todo homem e toda mulher que possa pensar logicamente e que tenha como expor seus pensamentos de forma sistematizada, ordenada e produtiva, será um filósofo em potencial. Aí estará sua filosofia. Ou seja, se um homem consegue ordenar seus pensamentos e emitir juízos, então se tem aí um possível filósofo. Em qualquer lugar do mundo, todo homem e toda mulher pensa. E todos pensam de forma similar. O pensar de um homem brasileiro não é diferente do pensar de um Sócrates, de um Nietzsche, de um Freud, de um Darwin, etc. O que faz a diferença é o como ele ordena seus pensamentos, e o que pode oferecer em benefício dos seus semelhantes.

Para alguém defender que não existem filósofos ou filosofia no Brasil, seria preciso conhecer, amiúde, todas as obras do gênero publicadas, o que é tarefa das mais difíceis. Cobra-se tanto uma filosofia brasileira, genuinamente brasileira, o que pode parecer conter aí um certo exagero. Afinal, o Brasil é um país jovem, não possuidor da tradição dos alemães, ingleses ou franceses. Mas, será que num país onde a distância entre a fala e a escrita se amplia cada vez mais, não poderia ser este um dos motivos a impedir o desenvolvimento de uma filosofia genuinamente brasileira, tão cobrada? E mais, com os altos custos para o leitor brasileiro, não seria esse outro motivo impeditivo aos nossos filósofos de incrementar publicações? Certamente, outros motivos existem, entretanto sair numerando-os não acrescenta muito a este trabalho.

Outro ponto merece ser tratado com cuidado: os assuntos mais quentes, digamos assim, já podem ter sido discutidos exaustivamente ao longo dos séculos. E o Brasil, por suas peculiaridades históricas, e também por ser um país jovem, talvez não tenha condições, ainda, de, pelas lentes dos seus filósofos, enxergar motivos para levar adiante um projeto filosófico mais arrojado. Afinal, o pensamento humano já está praticamente, se não todo, “mapeado”, mas isso não significa que algo novo não possa surgir. Mas, como fazer isso? Buscando dentro de si próprio os seus limites. E como chegar a esse ponto? Com a reflexão. A reflexão pode ser, portanto, um ponto de partida para o filosofar. Filosofar é, a partir de uma reflexão profunda, defender uma perspectiva nova. Em qualquer lugar do mundo há filósofos. Viver já é uma condição para ser filósofo. Pensou, filosofou! Tudo começou quando o homem, ainda em projeto, ergueu os olhos para os céus e perguntou a si mesmo sobre os limites do universo. Este foi o início de todo o filosofar.

O que o Brasil precisa é procurar mudar esse quadro, não de uma hora para outra, mas num processo de longo prazo. Muita coisa precisa ser repensada, muitas questões de política no interior das corporações universitárias precisam ser revistas. Paradigmas precisam ser mudados. As novas cabeças pensantes estão em todas as partes, só precisam ser corretamente orientadas a pensar por si.

Nenhum pensamento nasce adulto, pronto. Ele é como uma criança. Nasce pequenino e com o passar do tempo vai sendo moldado de forma a se tornar maduro e bom, pelo menos no campo filosófico, que é o caso ao qual me proponho aqui. Assim também é com os homens. É através de seus pais e educadores em geral que ele vai se aperfeiçoando, sem, no entanto, chegar ao fim de um caminho, posto que o caminho para o conhecimento não conhece limites. Cabe, então, às gerações futuras, dar a esse pensamento as nuances que ele vai precisar, e, assim, evoluindo sempre, esse pensamento “perde”, de algum modo, a sua paternidade”, passando a fazer parte de uma espécie de “patrimônio da humanidade” do pensamento. Entretanto, deve-se procurar manter fidelidade sempre ao seu autor.

Ainda que nossos “filósofos brasileiros” não se considerem como tais, uma coisa é certa: é possível, sim, fazer filosofia no Brasil. Não só no Brasil, mas em qualquer lugar do mundo, conforme dito linhas acima. Se os filósofos brasileiros da atualidade, frise-se bem, da atualidade, não se consideram como filósofos, o problema é mais sério do que se imagina.

Conforme dito linhas acima, não se pode conhecer todos os pensadores de um país para se afirmar não existir aí filósofos ou filosofia. Em nosso país, uns nomes estão tão esquecidos que precisam mesmo de um verdadeiro “filósofo arqueólogo” para descobrir que velhas ossadas um dia puderam abrigar cérebros que produziram grandes obras. Olavo de Carvalho, nascido em Campinas, São Paulo, em 1947, além de ser um dos pensadores brasileiros mais respeitados, vem empreendendo um trabalho extraordinário no sentido de resgatar do esquecimento um nome que representa um marco na história da filosofia brasileira: Mário Ferreira dos Santos, nascido em Tietê, São Paulo, em 1907 e morto em 1968. Até o final dos comentários acerca desse pensador, as palavras de Olavo de Carvalho vão merecer destaque, visto que, sem elas, na íntegra, quaisquer outras palavras não teriam o mesmo efeito.

Mário Ferreira dos Santos ocupa no Brasil “uma posição similar à de Giambatista Vico na cultura napolitana do século XVIII ou de Gottfried Von Leibniz na Alemanha da mesma época: um gênio universal perdido num ambiente provinciano incapaz não só de compreendê-lo, mas de enxergá-lo”. Conta Olavo de Carvalho que ninguém poderia suspeitar que, “num escritório modesto da Vila Olímpia, na verdade uma passagem repleta de livros entre a cozinha e a sala de visitas, um desconhecido discutia em pé de igualdade com outros grandes filósofos de todas as épocas, demolia com meticulosidade cruel as escolas de pensamento mais em moda e sobre seus escombros erigia um novo padrão de inteligibilidade universal”.

Olavo de Carvalho vem empreendendo um criterioso trabalho editorial para republicação das obras de Mário Ferreira, com a revisão de todas as publicações primeiras, visto que estas foram, para usar suas palavras, “um desastre editorial completo”. Mário Ferreira, diz Olavo, “foi um filósofo na acepção mais técnica e rigorosa do termo, um dominador completo das questões debatidas ao longo dos milênios”. Mario Ferreira, continua Olavo de Carvalho, certa feita “fazia uma conferência quando, de repente, pediu desculpas ao auditório e se retirou, alegando que “tivera uma idéia” e precisava anotá-la urgentemente. A idéia era nada mais, nada menos que as teses numeradas destinadas a constituir o núcleo da sua “Filosofia Concreta”, por sua vez o coroamento dos dez volumes iniciais da sua Enciclopédia das Ciências Filosóficas. É de bom alvitre explicar, de forma resumida, o que significa de fato a Filosofia Concreta de Mário Ferreira dos Santos. Ela é “construída geometricamente como uma seqüência de afirmações auto-evidentes e de conclusões exaustivamente fundadas nelas – uma ambiciosa e bem sucedida tentativa de descrever a estrutura geral da realidade tal como tem de ser concebida necessariamente para que as afirmações da ciência façam sentido.” E para finalizar, Olavo de Carvalho escreve: “a filosofia de Mário descerra diante de nossos olhos, de maneira diferenciada e meticulosamente acabada, um edifício doutrinal inteiro que, em Pitágoras – e mesmo em Platão – estava apenas embutido de maneira compacta e obscura”.

Dada a importância da descoberta do Olavo de Carvalho, é imprescindível fechar essa parte do trabalho com uma citação emblemática do próprio Olavo: “Não tenho a menor dúvida de que, quando passar a atual fase de degradação intelectual e moral do país e for possível pensar numa reconstrução, essa obra, mais que qualquer outra, deve tornar-se o alicerce de uma nova cultura brasileira. A obra, em si, não precisa disso: ela sobreviverá muito bem quando a mera recordação da existência de algo chamado “Brasil” tiver desaparecido. O que está em jogo não é o futuro de Mário Ferreira dos Santos: é o futuro de um país que a ele não deu nada, nem mesmo um reconhecimento da boca para fora, mas ao qual ele pode dar uma nova vida no espírito.”

O próprio Olavo de Carvalho é autor da obra Introdução à Teoria dos Quatro Discursos (Rio, Topbooks, 1997), na qual defende que o discurso humano é uma potência única, que se atualiza de quatro maneiras diferentes: a poética, a retórica, a dialética e a analítica (lógica). Segundo o autor, “há nas obras de Aristóteles uma idéia medular, que escapou à percepção de quase todos os seus leitores e comentaristas, da Antiguidade até hoje. Mesmo aqueles que a perceberam – e foram apenas dois, que eu saiba, ao longo dos milênios – limitaram-se a anotá-la de passagem, sem lhe atribuir explicitamente uma importância decisiva para a compreensão da filosofia de Aristóteles.” Se um trabalho dessa envergadura não é fazer filosofia no Brasil, o que vem a ser?

A lista não se esgota aqui, ficando a conclusão deste trabalho para mais adiante. Todavia, os poucos nomes aqui apresentados como sendo homens do pensamento, filósofos em suma, constituem, por si mesmos, um forte argumento para provar a existência de filósofos brasileiros. E, em conseqüência, de filosofia no Brasil.



CONCLUSÃO



Diante de tudo o que acima ficou explicitado, apresenta-se mais plausível inferir que o pensamento filosófico no Brasil vem sendo mais e mais ampliado ao longo dos tempos, alargando seus limites. E, muito embora ainda não possamos falar de uma “Filosofia do Brasil”, já se pode considerar a filosofia no Brasil como sendo uma prática que se reveste de um interesse que vem crescendo dia a dia. Por último, em resumo, pode-se concluir que temos filósofos no Brasil e, em conseqüência, filosofia no Brasil. Entretanto, a tão cobrada “filosofia genuinamente brasileira”, esta está gestando e deverá demorar algum tempo até que o país possa atingir uma maturidade e tradição esperadas.

Nomes do pensamento contemporâneo brasileiro, a exemplo de Luiz Felipe Pondé, estão alertas para essa perspectiva de como se fazer filosofia brasileira, ou no Brasil. Posso exemplificar através de sua obra mais recente, publicada pela Leya, 2010: Contra um mundo melhor: ensaios do afeto, na qual o autor sai da sala de aula e vai às ruas levando ao público “não filósofo”, como ele mesmo chama, a sua filosofia do cotidiano. Só para ilustrar, eu destaco um pequeno trecho do livro: “Esboço uma filosofia do cotidiano. O que é uma filosofia do cotidiano? É uma filosofia que acompanha você no trabalho, na cama, entre as pernas, no carro, no hospital, no cemitério, no celular, no avião, no free shop, no amor, no ódio, no ciúme, na inveja, na gratidão.” (PONDÉ, 2010, 19) Luiz Felipe esqueceu de incluir nessa lista aquele momento em que você é um rei no trono do seu apartamento fazendo suas anotações filosóficas.

A tese central de Palácios sobre o fato de não haver uma filosofia genuinamente brasileira é a falta de diálogo entre os “filósofos” brasileiros. Dito de outra forma, no Brasil um autor publica uma obra, mas não aparece ninguém para “responder”, caracterizando o “diálogo”. Alguns usam argumentos fúteis do tipo “é um texto pedregoso”, “muito longo”, etc., o que não parece espelhar a realidade. Outros fatores, talvez mais sérios, devem ser considerados, como por exemplo, as peculiaridades históricas do Brasil, a forma como a filosofia foi trazida para as universidades brasileiras, a acomodação própria do povo brasileiro, enfim, a nossa própria personalidade.

Assim, diante do que ficou apreendido do texto de Armijos Palácios, pode-se inferir que existem, sim, filósofos no Brasil, muito embora nossos principais nomes, vítimas de uma herança maldita, se sintam em condição de inferioridade. E, em função dessa condição herdada, não tenha havido no Brasil a construção de uma filosofia genuinamente brasileira, visto não haver aqui uma tradição do debate, do diálogo filosófico. Não há respostas às publicações, com deveria haver. Há, sim, uma espécie de letargia onde nossos pensadores não se aceitam como filósofos, mas apenas como professores de filosofia. Talvez eles, na sua maioria, por exercerem apenas o ofício de reproduzir o pensamento alheio, especializando-se em um ou outro filósofo, estejam apenas sendo honestos consigo mesmos.

REFERÊNCIAS:

1. www.olavodecarvalho.org/livros/4discursos.htm - Visitado em 01/11/10;

2. http://www.dicta.com.br/edicoes/edicao-3/mario-ferreira-dos-santos-e-o-nosso-futuro/ - Visitado em 05/11/10.

3. ARMIJOS PALÁCIOS, Gonçalo. De como fazer filosofia sem ser grego, estar morto ou ser gênio. Goiânia: Editora da UFG, 2004. 120 P. – Coleção Filosofia, 1 – Série Ensaios.

4. PONDÉ, Luiz Felipe, 1959. Contra um mundo melhor: ensaios do afeto. In: Imperfeição. – São Paulo: Leya, 2020, 216 pp.
 
 
http://kaloskaiagathos799.blogspot.com/2010/12/filosofia-no-brasil.html
 

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