quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

3X BOTA P/ F...

Uma ode à liberdade


  • 13 de dezembro de 2011/Gislaine Gutierre

Marcelo Nova é um coiote solitário. Um sujeito que não segue bandos. Tem sido assim desde o começo, nos anos 80, quando o jovem baiano, roupas pretas e rosto cheio de espinhas, encarou com sua banda Camisa de Vênus um mercado dominado pelos nomes de São Paulo, Rio e Brasília. Mas o grupo tinha um grito de guerra, “bota pra f…”, e ele parecia se divertir em não fazer concessões para ser aceito naquele rol.

“Só respondo por mim”, costuma dizer ainda hoje, reforçando a condição de um profissional sem rabo preso com ninguém. Aliás, há 14 anos Marcelo não tem empresário nem assessor. “Sou meu próprio Roberto Marinho e meu próprio motoboy”, diz. Uma liberdade que, se tem o preço de distanciá-lo do mainstream, o deixa livre para fazer um trabalho como o CD e DVD ‘Hoje no Bolshoi’, gravado num pub de Goiânia no ano passado, com um repertório que não se pauta pela obviedade de seus inúmeros hits. Verdade que tem ‘Hoje’, ‘Simca Chambord’ e ‘Eu Não Matei Joana D’Arc’. Mas tem também duas inéditas, canções da fase solo, com Raul Seixas e outras menos conhecidas. Com este trabalho, o músico celebra 30 anos de carreira – agora, são 31.


Mas esse jeito independente e solitário não fez de Marcelo um tipo ranzinza. Aos 60 anos, casado pela segunda vez, o pai de Drake (19 anos, guitarrista de sua banda), Felícia (dançarina) e Penélope (ex-VJ da MTV) e avô de uma menina de 3 anos é sarcástico, afável e divertido. E não poupa palavras.

Antes de formar o Camisa de Vênus, você se inspirava na banda Os Panteras, de Raul Seixas. Queria fazer rock e pegar as menininhas, como eles. Depois, foi do jeito que imaginava?

Foi, claro que foi. Mas devo acrescentar que não era só para pegar menininhas. Eu amava profundamente a música. Aos 9 anos, ouvi Little Richard na rua. Pedi para o meu pai comprar o disco e eu não sabia o que era rock ‘n’ roll, não sabia falar inglês e me apaixonei por aquilo.

Seus pais faziam o quê?

Meu pai era médico e minha mãe era terapeuta ocupacional. Eles trabalhavam juntos. E tenho uma irmã 12 anos mais velha, que naquela época gostava de me massacrar com João Gilberto.

Para seguir a vida de roqueiro, teve aquela coisa de sair de casa?

Não, não. É uma cultura nordestina. Você cresce com seus pais, casa e continua morando com eles. Aí você tem filhos e seus pais cuidam de seus filhos como se fossem deles. Casei aos 19 anos, minha mulher tinha 15 e continuei morando com os meus pais. Com duas filhas.

E você tinha de se manter, financeiramente?

Sim, fui radialista, vendi seguros. Fui um péssimo vendedor, tinha um cabelo enorme, abaixo do ombro, numa época em que isso era muito incomum. As pessoas ficavam chocadas, gritavam na rua: ‘mulherzinhaaa!’ (risos).

Em 1972, você compôs ‘Quando Eu Morri’, em que narra sua experiência com o LSD. Em 1973, nasceu a Penélope. Como foi a chegada do bebê em meio a tanta loucura?

Ela foi a principal responsável por eu ter parado o meu envolvimento com drogas. Muito jovem que era, quando eu ouvia Lucy in The Sky With Diamonds, eu pensava, ‘pô, será que se eu tomar LSD eu vou ver uma vaca voando?’ E eu era um jovem muito curioso.

Que tipo de droga experimentou?

De tudo. Só não me injetei nada. Só fui tomar morfina pouco tempo atrás porque tenho cálculos renais e a anestesia é através de morfina, que é uma delícia. É uma droga que tira todo e qualquer desejo. Você não precisa de dinheiro, de sexo, de poder, de nada. E é completamente diferente do LSD, que lhe joga num outro universo durante 16, 17 horas. Quando eu Morri tem um verso que diz “eu sentia tanto medo, eu só queria dormir cedo pra noite passar depressa e não poder me agarrar”. Eu tinha a sensação de que a noite queria me sugar para dentro dela e que eu jamais ia conseguir sair. Era uma sensação pavorosa. Dito assim, é engraçado. Vivenciado, é terrível.

Você teve sua segunda filha em 1979. Elas te acompanhavam na vida do Camisa?

Não, elas ficavam com a minha mãe, que era uma avó muito extremada. Em 1984 meu casamento acabou e eu mudei para São Paulo. Menos de dois anos depois, meu pai faleceu, então eu trouxe minha mãe para morar comigo. Falei, ‘ agora é a vez de eu cuidar de você’. E ela tá ali, ó, naquela caixa vermelha (aponta para o alto da estante cheia de discos). Os restos dela estão ali. Ela faleceu há três anos. É tão bacana, taí, é uma lembrança. Como não tenho nenhum vínculo religioso, é apenas uma referência. Eu a deixei ali, junto de Alice Cooper. Porque ela ia ao show do Camisa toda maquiada nos olhos, botava coleira, umas correntes no pescoço, ia para a linha de frente e gritava ‘bota pra f…’. E a molecadinha adorava.

O disco ‘Viva’, do Camisa, foi censurado no finzinho já da ditadura. Por que motivo?

Porque não submeti o disco a nenhuma apreciação da censura federal. Vi meu disco sendo preso na loja Hi-Fi do shopping Iguatemi. Os caras pegaram duas caixas com 50 discos. Eu só fiquei rindo. Perguntei: ‘vem cá, não seria mais sensato me prender?’ Ele me olhou de cima a baixo, e falou: ‘quem é o senhor? Eu disse, ‘a pessoa que gravou esse disco’. ‘Isso aí não é função nossa. Nossa função é recolher o álbum que está proibido’. ‘Então tá’ (risos). Que coisa ridícula! Isso tudo em nome da moral, dos bons costumes, e de seja lá o que for.

Hoje a gente não tem essa censura formal, mas há uma onda do politicamente correto cada vez mais forte. Acha que uma música como ‘Bete Morreu’ passaria por esse crivo?

O que tem Bete Morreu para ser censurada? ‘Amordaçaram Bete, espancaram Bete, violentaram Bete, ela nem se mexeu, Bete morreu!’ Liga no Datena, que é dez vezes pior! (risos). Bete Morreu na verdade é uma canção que escrevi no meio de uma dor de barriga. Fui para o banheiro, catei o jornal, e lá estava falando do assassinato de uma garota cujo corpo tinha sido encontrado por um chofer de caminhão. Saí de lá e meio que transcrevi aquilo. Então Bete Morreu é apenas e tão somente uma canção de um cara muito jovem, que estava começando a escrever.

Você gravou com Raul Seixas o disco ‘Panela do Diabo’ e juntos fizeram uma turnê numa época em que ele estava na pior. Como foi essa fase?

Ele estava muito mal fisicamente, economicamente e eu ficava fazendo feira para ele comer. Ele ficou internado uma semana no Sírio-Libanês, atendido e sendo examinado e o médico lhe indicou atividade moderada. Porque ele estava em casa, enlouquecendo diuturnamente, não só bebendo. Fizemos 50 shows. E ele não faltou em nenhum.

Com tantos anos de estrada e sucesso, você deve ter conquistado uma certa estabilidade financeira. Pra que serve o dinheiro para você?

Eu sou um cara absolutamente insano em relação a dinheiro. Quando tenho, gasto tudo. Gasto com viagem CDs, vinis, Blu-Rays, DVDs, filmes. São meus deleites. Sou um hedonista completo. E quando estou sem dinheiro, corro atrás. Porque todo mundo acha que o Marcelo Nova é doido, mas ninguém sabe o sangue que custa ser louco (bate no braço). Ser louco e manter uma família, assumir responsabilidades. Mas eu nunca consegui pensar no dinheiro como uma coisa que tenho de fazer, fazer e guardar. Meu pai, quando morreu, me deixou US$ 2 mil. Eu nunca o censurei por isso, pelo contrário. Ele me ajudou em vários momentos da vida quando eu não tinha dinheiro.

Você tem 60 anos, mas parece que pouco mudou na fisionomia. É o rock que não deixa envelhecer ou um roqueiro não pode envelhecer?

Não, isso é lenda. Eu envelheci sim. Tenho cabelos brancos que cobrem as minhas têmporas, a carne flácida das papadas que estão começando a se pronunciar pela força da gravidade. Envelheci como todo mundo. Essa mítica de que o rock é jovem, acho uma bobagem total. Detesto. Eu vejo por exemplo o Mick Jagger, que é de uma banda que eu gosto muitíssimo. Vejo um senhor de quase 70 anos, mexendo aquele c… magro, prum lado e pro outro naquele frenesi, de mãozinha na cadeira, eu fico com vergonha, a tal vergonha alheia.

Mas você tem vaidade?

Tenho. Gosto de andar bem vestido, até porque não gosto mais de andar de camiseta e jeans. Sim, cultivo o meu topete, então, como vou dizer para você que não sou vaidoso?, Mas evidentemente, tudo na vida tem limites e parâmetros. Não seria nem sensato eu, aos 60, querendo parecer um menino de 20 anos. Eu tenho 60. Se quiser entro no ônibus sem pagar, tem uma vaga de idoso no shopping center me esperando agora. Não posso aceitar essa ideia de que o rock vai me mumificar, não. Não acredito nisso.




quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

VELHOS AMIGOS

     "Velhos amigos vão sempre se encontrar Seja onde for.
Seja em qualquer lugar O mundo é pequeno, O tempo
É invenção Que o amor desfaz na tua mão Nada passou,
Nada ficará Nada se perde, nada vai se achar Poe nosso
Nome na planta do jardim Vivo em você e você dorme
Em mim E quando eu olho pro imenso azul do mar
Ouço teu riso e penso: onde é que está? A nossa
Planta o vento não desfez É nunca mais, mas é mais
Uma vez" ( OSWALDO MONTENEGRO )

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Então poeta !



O que vai ser de tú, matuto e marginal?
 Alvo de tanta intolerância, tanta perseguição burra e cega.
 Talvez maior que homofobia, disputas de gênero, racismo e outras imbecilidades
 O que será de ti...
  Poeta?
  Não espero ouvir um grito como Resposta?
 O que dizes Agora?
 O que será de ti... Poeta?
 Poemas foram e vieram de ti; Conclusões,  algumas precipitadas.
 Caminho cercado de tudo que não quis
 Desde Jesus " Aquele que não entendes" aos Postos de gasolinas  fubangas de pernoites escravos.
 Poeta ! como esperas ser chamado?
 Poeta! Quantas desonras, quanto sexo sem sentimento? O que sobrará?
 O quê  vale depois, o quê ? 
 - Além da ironia e poesia, não sei  o quê me basta... Não sei!
APENAS A PALAVRA D!TA
MAE Y D!TA HUMANA
OUTRAS VEZES ATE PROFANA
COMO VERSOS AGRANEL
Y DO MESMO OU POUCO !MPORTA
UMA UN!CA CERTEZA NO
F!M:
EU F!Z DO MEU GE!TO
!!!

-Tato Lima Rei.
-c.p.b.p.jr:

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

TODO MUNDO TÁ FALANDO


Todo mundo tá falando de fama
Todo mundo tá falando de guerra
Todo mundo tá falando de lama
Todo mundo tá falando de terra
Todo mundo tá falando de medo
Todo mundo tá falando de paz
Todo mundo tá falando segredo
Todo mundo tá falando demais
Por telefone,
Por Orkut,
Por carência
Por site,
Por decadência
Por vontade de brilhar
Por Facebook,
Por email,
Por desespero
Todo mundo quer falar
Ao pé do ouvido, por gesto,
por ousadiaTimidez ou covardia
Por não saber escutar
Pela TV, pelo cinema ou microfone
Todo mundo se consome
 Mas não para de falar.


-OSWALDO MONTENEGRO-

NÃO IMPORTA POR QUÊ



A fita k-7 passou
Telefone sem bina também
O sonho hippie acabou
Dos santos não sobrou ninguém
O tal socialismo morreu
A pura inocência eu perdi
O fim da vanguarda vse deu
Depois do passado é aqui
O jovem que eu não vi já não é
A bola de couro murchou
A grama tá sem o Pelé
Até oTitanic afundou
Planetas perderam Plutão
Há livros que ninguém mais lê
Tem bicho em total extinção
Mas eu ainda amo você
Qualquer hora, sem nenhum aviso
quero encontrar você
Gargalhando, acordando a cidade
E não importa por quê
Quero ver o teu rosto pintado
O teu sorriso desenbestado
E não importa por quê
Quando a hora chegar, sempre chega
Quero encontrar você
Sem as capas dos velhos contratos
E não importa por quê
Brasileira do som misturado
Deixa o meu coração apressado
E não importa por quê.

(OSWALDO MONTENEGRO)
DE PASSAGEM

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

''VERDADES E MENTIRAS SOB AS MARQUISES DO RECIFE''


(UMA CANÇÃO  A DINHA LOVE)

meretrizes e mendigos escondidos
escárniçado pelo ódio e pelo õnibus enxergo
a minha propria vida ali contida e metida
será que foi eu?
será que sou eu?
há gente que passa e não enxerga as marquizes
nem as feridas esposta e come sem remoso
seu xburguer diet com vitaminas importada
e maionese light
tudo bem tudo bem,meu bem
eu também sei cantar ingles.

os traçados de minha alma
não espressa esse ódio
contido e imbutido
no parapeito do meu peito
sem jeito algum 
estive rodeando essa vida
e enganando os sorrisos
da cara de deus.

e os mendigos e as meretrizes 
vão continuar em suas marquizes
depois de voce recitar a constituição
e grafar os versos que diz
todo homen tem direito
 a dignidade e respeito
e essa será uma canção de amor
-A Plebe Poética-

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A JUDIA E O ALEMÃO

A Judia e o Alemão
(a Roberto Freire, ao Anarquismo, ao Amor)

Os cães trepam em frente
Da casa espírita
Que com água benta
Em vão tenta exorcizar o Amor!
Mesmo dentro
Do meu coração
Percorre a rua na finita solidão
Dos amantes e poetas
Que transformam em Amor
Qualquer palavra predileta
E em ânsia sã ou vã
O amadorismo das palavras descobertas
Sempre fui alcoviteiro do Amor
Mesmo quando delator me torna
E retorno em mágoas
O belo sentimento resguardado
Como enigma...
Como miragem
De um resplendor
Apenas visto no silêncio
Das fábulas de Homens e Cães
Que procuram no Amor
Atenuar sua condição de Fera.

-Miguel Vieira

Um dia de novembro

 

Cada salto,
Todo passo, e
Meus pés afundam
Neste barro,
Que sou.

Terra úmida,
Por onde transito,
Seca, virando minha pele.
Pele que já nem sinto.

Respiro os ares pobres,
De gases que me mantém vivo.
Do pó e morte sobrevivo.
Pois viver é só memória.

Escuto vida ao fundo,
São Outros, Sons outros,
Que tentam penetrar,
Nesta alma de areia,
Abastecida de água, é rocha;
Inflamada de sol, é pó que voa.

Canto os sons dos tempos.
Nado gritando silêncios.
Com rancor? Estaciono.
Cuido de meu jardim de maus-tratos.

Tenho asas,
Mas para que me servem?

Os dias chovem,
Aumenta o peso,
Que me prende ao chão.



-Franzé Matos


segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

CONVITE: Projeto Natal Cultural!

A SOCIEDADE FILHOS DA PÁTRIA & RODRIGO CAMBARA CONVIDA PARA O NATAL CULTURAL.




 EVENTO REALIZADO DIA 16/12/2011
No "Lar Ceci Costa" (Instituto Espírita Allan Kardec e Lar Ceci Costa. Av. Prof Andrade Bezerra, 826 - Salgadinho, Olinda - PE, 53110-110) Das: 08h00min até as 11h00min. 
PROGRAMAÇAO:

-Sessão de cinema pela manhã tendo a apresentação do filme "Up Grandes Aventuras". 
-Recital de poesia "SOCIEDADE-FDP!!! & CONVIDADOS",(Uma homenagem aos poetas "Manuel Bandeira, & Antônio Rodrigues",  apresentação de poemas autorais feito pelos demais poetas). 
-Oficinas (desenho, pintura e leitura).



         OBS: É um projeto social/cultural que se realizará num natal solidário para as crianças do Lar Ceci Costa. Projeto irá consistir na doação de livros que serão entregues na data citada acima, e fará parte de um dos eventos culturais que irá acontecer no dia, assim como também o recital de poesia, oficina de leitura e de artes e outra tantas atividades que serão realizadas.
A idéia do projeto é a de difundir cultura junto com as crianças da comunidade do bairro de Salgadinho crianças essas que já participam de varias atividades culturais oferecidas de forma gratuita pelo Lar Ceci Costa, mas que ainda não possuem uma biblioteca para que possam realizar pesquisas referentes a trabalhos escolares e tão pouco tem contanto com os grandes clássicos da literatura, poesia e filosofia.


contatos:

(81) 3241-0195 OU (81) 9692-6273