sexta-feira, 27 de maio de 2011

A CONCIÊNCIA É CORRUPTA... (O ENCONTRO DO REVERENDO MARCELO NOVA COM O SENHOR PAULO MALUF)



 

A CONSCIÊNCIA É CORRUPTA...

Semana passada fui acometido por uma recorrente insônia que somada as minhas necessidades profissionais de viajar para tocar e conseqüentemente emplacar mais noites em claro, fizeram-me em pedaços.
Sexta-feira, após um voo interminável, eu e minha banda chegamos a Palmas, no Tocantins. Ao saltar do avião fomos agredidos por uma temperatura de quarenta graus e uma umidade que desconheço o nível, mas tenho certeza faria o paraíso de cobras, lagartos e jacarés. Rapidamente, o produtor do evento nos leva para almoçar num shopping center, com a fantástica promessa de ar condicionado, aparelho que para mim reduziu significativamente a importância de Deus.
Enquanto bebo tudo que me passa pela frente, recebo um telefonema do Renato, pessoa responsável pelas inserções dos textos do Fala Nova, lembrando-me que estou atrasado para a entrega do mesmo. Respondo-lhe pedindo paciência pois naquele momento eu mais parecia uma poça de mijo: quente e molhado.
Mais tarde após o show, outra noite sem dormir e então direto para o aeroporto pegar um voo para São Paulo com conexão em Brasília. Lá na terra da politicagem, numa sala desconfortável, finalmente ouço a chamada para o embarque e como um sonâmbulo dirijo-me ao ônibus que nos conduziria ao avião. Atiro-me no primeiro assento vago e logo tenho a impressão de estar vivendo um sonho (ou pesadelo) surreal. Sentado ao meu lado, ombro a ombro, está Paulo Maluf!
Olhou para mim com um sorriso político de sedução ao possível eleitor e perguntou:
"Está indo para São Paulo?"
"E não vejo a hora" respondi.
Seguiu-se um rápido diálogo abordando a natureza indomável da cidade onde ambos moramos e enquando nos aproximávamos do avião ele me disse:
"Fiz por São Paulo o que muitos tiveram a chance e não fizeram. Minha consciência está tranquila."
Imediatamente disparei:
"Paulo, a consciência é corrupta, você a manipula todo o tempo. O mês passado fiz algo de que não me orgulho e a minha consciência me disse 'Que ato desprezível o seu!' A semana passada ela sussurrou no meu ouvido 'Relaxa Marcelo, não foi tão grave assim, está tudo bem.' E ontem Paulo, a minha consciência me chamou para fazer sexo e disse que me ama!"
Sem tirar os olhos de mim, deu uma risada e falou com aquele sotaque e timbre que só Maluf possui:
"Você acabou com a consciência. Que o povo não saiba disso..."
Deu-me um tapinha no ombro, levantou-se rapidamente e, como o ônibus já havia parado, seguiu caminho. Quando finalmente subi a escada do avião, encontro quatro ou cinco pessoas aglomeradas dificultando a passagem. Entre elas, Maluf.
Me espremi, passei e enquanto procurava o meu assento, ouvi o inconfundível sotaque:
"Minha consciência está tranquila."
Sentei-me, fechei os olhos e apaguei, ignorando Maluf, o povo e as consciências tranquilas.



CHUPAR BUCETA É UMA ARTE !

Chupar Buceta é uma Arte!


O gozo da mulher é algo indescritível (o do homem também claro), as pernas tremem, temos palpitações e até mesmo desmaios podem acontecer. Receber o gozo, o Mel dos Deuses na boca diretamente da grutinha do amor de uma menina é muito delicioso, o gosto deste Mel é maravilhoso. Mais gostoso que o leite do homem. E claro, não se pode desperdiçar uma gota se quer.
Também é uma arte, e não é qualquer um(a) que manja desta arte, e consegue dar prazer absoluto (o que é possível com isso) à mulher.
Não esqueça, a higiene é fundamenteal.


Como chupar:

Qualquer posição é legal, deitados, 69, sentado… deixa a criatividade mandar na situação;
Para enlouquecer a mulher, brinque com o seu grelinho (clitóris) com a ponta do seu dedo, da sua língua, com os lábios, para depois começar a chupação…;
Passar a língua bem de leve na entradinha para pegar o melzinho inicial é maravilhoso;
Cheire, babe faça tudo…
Abra os grandes lábios com a ponta dos dedos, para abrir caminho;
Enfie a língua lá dentro;
Passe a língua pelo campinho inteiro até chegar ao cofrinho, é muito gostoso, e a mulher delira;
Os dentes, assim como no bola gato, também não são bem vindos na bonequinha!
Morder também é muito relativo – tem que ser de levinho e com cuidado;
Enfiar um dedinho, dois (depende) na xotinha enquanto chupa o grelinho também é muito delicioso, achar o Ponto G com o dedo enquanto chupa é MAGNÍFICO!!;
respeite os limites da mulher;Também pode enfiar um dedinho no cuzinho enquanto chupa a bucetinha.

Como receber:

Relaxe – lógico, você vai sentir o maior prazer da sua vida, assim como o boquete;
Não obrigue o menino a fazer, ele pode não gostar ou então ainda não ter descoberto o quanto é bom chupar uma coninha;
Deixe ELE fazer, não fique dando dicas (onde é bom e como é bom, claro!!), deixe ele levar a língua e a boca dele, os dedos, mãos;
Se ele fizer cara de nojo, ESQUEÇA!!! Mande-o parar, você não vai gostar da finalização (mesmo mandamento para o boquete);
GEMA – Claro!!! O seu gemido vai dizer o quanto está gostando, e deixe ele fazer, se não tiver bom gema menos, se tiver ótimo grite! Solte a franga, liberte a puta que tem dentro de você, sem medo de ser feliz;
Se você não chupa o pau do menino (não sabe o que tá perdendo), você não tem direito algum de ganhar uma linguete! Se o menino for bem querido ele faz, mas também não o obrigue, e valorize isso! É mais raro encontrar casais onde a menina chupa e o menino não, relaxe, é uma questão de costume e de aceitação.

EU ME ABRO INTEIRA PARA VOCÊ

((EU ME ABRO INTEIRA PARA VOCÊ))

TU ME DEITAS EM NOSSA CAMA
ME ASSANHA
ME ARRANHA
EU ME ABRO INTEIRA PARA VOCÊ
E COM TUA LÍNGUA SACANA
TU ME INVADE
DE UMA FORMA TODA PROFANA
INSANA
DEVASSA
SAFADA

((NOVIÇA FADA))

PECADO E PENITENCIA

Pecado e Penitência




Minha Santa Rita
Purificai minha periquita
Meu São Bartolo
Iluminai o meu consolo
Minha Santa Maria
Ajudai nessa putaria
Meu São Jacinto
Não me deixe faltar pinto
Mas se o senhor deixar
Avisa São Bartolo
Que é pra pelo menos, consolo não me faltar!




Imagem gentilmente enviada por um de nossos fiéis mais ilustres,

quinta-feira, 26 de maio de 2011

2 BELAS VERSOES P/ O RAUL





BOB DYLAN POR MARCELO NOVA.



FALA NOVA
Em mais um texto brilhante, Marcelo Nova fala sobre Bob Dylan, lembrando que este completou 70 anos neste dia 24 de maio.
QUEM É BOB DYLAN
"24 de maio e Bob Dylan faz setenta anos. Como é possível?
   Conheci Bob quando ouvi Like a Rolling Stone no rádio da casa da minha tia Dayse em 1965. Ele tinha vinte e quatro anos e eu quatorze. De 1965 até 2011 numa velocidade que nem Michael Schumacher nas suas melhores voltas conseguiria superar, encontro-me fuçando papéis antigos e logo me deparo com um texto que escrevi sobre Dylan em 1997 e penso que continua válido:
   Fazendo o check-out às 4:30 da manhã, caído num sofá de napa num lobby de hotel vagabundo, numa cidade no meio do nada, vejo Natalie, um pequeno anjo magro, aproximadamente 14 anos, rosto talhado e os olhos incisivos, que ao invés de dormir na presumível segurança e conforto do seu lar, mente para os pais a fim de estar na companhia de integrantes de uma banda de rock and roll. Ao ver meu CD Infidelsnas minhas mãos, ela dispara: "Marceleza, quem é Bob Dylan?". Imediatamente alguém grita: "Todos pro ônibus!". E eu tenho tempo apenas para dizer: "É o melhor, o melhor de todos...". Já esparramado na poltrona, ligo o walkman e coloco meus óculos escuros para poder ver melhor o nascer-do-sol. E quando ele surge terrível, cego e indiferente como somente os deuses sabem ser, a pergunta ainda reverbera e se multiplica nos meus ouvidos. Quem é Bob Dylan? O que ele fez? O que estará fazendo agora?
   Penso na enorme dimensão do seu trabalho, assim como na inequívoca qualidade (a quantidade não seria tão significativa, se não fosse impregnada de tanto talento).
   Centenas de livros já foram escritos sobre ele, que também escreveu o seu Tarantula, aos 23 anos. Fez filmes, desenhos e pinturas, alguns exibidos em público, outros ainda não. Mas acima de tudo estão as apresentações ao vivo. Dylan e seu "torrencial fluxo de trabalho" (a expressão é de Roland Penrose, referindo-se a Picasso) têm através dos anos deixado o público impactado e atônito. Lembro-me de duas apresentações realizadas em agosto de 1991 no Palace, em São Paulo, quando ele foi massacrado por críticos que não conseguiam identificar exatamente quais canções ele desfiava, alterando melodias e cuspindo palavras. Agindo assim, Dylan tirou-lhes o ponto de referência e expôs-lhes verdadeiras, porém incomuns, facetas da arte.
   A música, o ritmo e o drama que envolvem uma performance se desenvolvem num momento específico no tempo. É apresentada do ponto de vista do artista, para ser compartilhada no mesmo instante em que é criada. Mas os críticos, acostumados com artistas menores cuja única preocupação é agradar a qualquer preço - mesmo que isso signifique padronizar e banalizar seus próprios trabalhos - não souberam como classificar Bob Dylan. Imersos há muito tempo no oceano da mediocridade, esqueceram que a arte que não destrói o convencional, que não contesta o que a maioria acredita e não nos sugere outras hipóteses de vida, é apenas melodrama ou mero exercício de boas intenções. Sem tentar estabelecer contato com o público que não fosse através da reinterpretação da sua própria obra, Dylan não dirigiu sua palavra nos intervalos das canções, nem esboçou estímulos físicos, tais como gestos ou mesmo palmas para conseguir a tão almejada interação artista-platéia. No final da apresentação, disse apenas: "Merci, merci...". E as luzes se apagaram enquanto ele voltava para o escuro dos bastidores. Quem é esse Man In TheLong Black Coat, garoto que fugiu de casa aos 18 anos Like a Rolling Stone? O primeiro punk, aquele que inseriu não apenas vigor poético, mas densidade emocional e guitarras elétricas na folkmusic dos anos 60.
   O pacifista inquisidor, cujas respostas ainda hoje são sopradas pelo vento. O soldado que desejou a morte dos MastersOfWar. O cristão que bateu na porta do céu e foi perdoado por Jesus num SlowTrainComing. O errante HandyDandy ainda hoje em busca de dignidade sob o sol vermelho.
   O mesmo sol que queimava meu rosto através da janela do ônibus e que me trazia a lembrança da pergunta da pequena Natalie. Quem é Bob Dylan? Como posso lhe dar uma resposta exata, Natalie, se ele nem mesmo se chama Bob Dylan... Nesse momento, uma canção chamada "I and I" vem até meus ouvidos, via walkman: "Eu já fiz sapatos para todos, inclusive para você e no entanto continuo descalço".
http://marcelonova.zip.net/

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Marceleza fala dessa vez sobre



Em continuidade à coluna Fala Nova do festival João Rock, Marceleza fala dessa vez sobre U2. Confira abaixo.







"BONS GAROTOS CRISTÃOS...



Era uma vez, no final dos anos 70, quatro garotos que montaram uma banda chamada U2, com intenções mais ambiciosas que sexo, drogas e rock and roll. Nascidos na Irlanda e oriundos da classe operária, sentiam na pele as consequências da guerra religiosa entre católicos e protestantes, com conhecidos incluídos na lista de mortos e feridos.



Fizeram então um pacto adolescente de que usariam a sua música também para tentar acabar com esse conflito. Bons garotos cristãos, transmitiam valores como lealdade, dignidade, coragem e fidelidade aos seus princípios. Em 1983, o álbum "War" (Guerra), com canções emblemáticas como "SundayBloodySunday" e "NewYear's Day", consolidou o sucesso comercial da banda e o vocalista Bono Vox passou a ser visto nos shows acenando uma enorme bandeira branca entre apelos de paz e amor. E esse sucesso, fincado nas paredes perfuradas à bala das ruas de Dublin carregou o U2 para conquistar o mundo, não com a humildade e despojamento de roqueirinhos de Cristo, mas com as asas disformes do excesso, da fortuna, da luxúria, do pecado.



E se em pouco tempo vieram os discos de platina, os cheques multi-algarítmicos, os carrões e as mansões, todos tinham de conviver com a face carrancuda e rancorosa da culpa, a máxima culpa de cunho religioso que abateu-se sobre o grupo com a fúria e a insensatez de uma amante rejeitada. Sintomas aparentes dessa contradição já apareciam na parte interna da capa do disco de 1987 "Joshua Tree", onde os quatro milionários integrantes da banda posam de mendigos na foto mais parecendo retirantes da seca do sertão paraibano, com camisetas vagabundas e barbas por fazer.



De lá pra cá, são grandes as evidências de que o sentimento de culpa venceu o conflito interno. Enquanto católicos e protestantes ainda continuam se digladiando na Irlanda, a banda perdeu-se musicalmente e viu sua identidade desaparecer.



O lançamento do álbum "Pop" flagrou o grupo num processo já doentio de auto-flagelação. O videoclipe da música "Discothèque" mostra os outrora sinceros e heróicos rapazes irlandeses rebolando, travestidos em integrantes do grupo homossexual VillagePeople. Aqui vai o link para você conferir (a cena começa aos 4:20). "Não conseguimos acabar com o conflito interno da nossa terra, não mais agitamos bandeiras brancas, não somos mais representantes do proletariado irlandês e acabamos vendendo nossa alma ao demônio ianque."



Bom para os bolsos, ruim para quatro cabeças marcadas sob os poderosos signos da cruz, do fogo eterno, de Deus. Comercialmente, no entanto, o U2 continua como um dos mais bem-sucedidos grupos da história da música, fazendo shows hiper produzidos e invariavelmente assistidos por multidões.



Bono logo associou sua imagem e seu espírito filisteu ao poder de políticos de destaque ao redor do mundo. E dá-lhe Bono abraçando Obama, apertando a mão de Bush, sorrindo com Sarkozy, paparicando a ministra alemã Angela Merkel, contando até 10 com Lula em português (é claro), afagando a ex-guerrilheira Dilma ou qualquer chefe de estado que, sedento por popularidade, tope encarar essa mala pesada.



Agora em abril de 2011, durante a mais recente temporada paulistana, numa entrevista ao canal de TV por assinatura Globo News, ele declarou: "Qualquer estudante de arte é capaz de escrever poemas obscuros e deprimentes. Eu não falo sobre essas coisas. Eu canto sobre alegria. Não sobre felicidade, mas sobre alegria."



Ivete Sangalo também, Bono. Ivete Sangalo também... "

fonte: www.joaorock.com.br

quarta-feira, 11 de maio de 2011

ALCEU VALENÇA E O SEU APOIO AO CHICO CÉSAR

Dá-lhe Alceu!!!


Alceu Valença, músico e compositor mostra sua opinião e seu apoio a Chico César, também músico e compositor, além de secretário estadual de cultura na Paraíba, no investimento de elementos fortes da cultura nordestina e brasileira, e na luta contra a mercantilização e dilapidação desse patrimônio.









O Forro Vivo!





Vejo com muito bons olhos – olhos atentos de quem há décadas observa os movimentos da cultura em nosso país – a iniciativa do Secretário de Cultura do Estado da Paraíba, Chico César, de “investir conceitualmente nos festejos juninos”, segundo comunicado oficial divulgado esta semana. Além de brilhante cantor e compositor, Chico tem se mostrado um grande amigo da arte também como um dos maiores gestores da cultura desse país.





A maneira mais fácil de dominar um povo – e a mais sórdida também – é despi-lo de sua cultura natural, daquilo que o identifica enquanto um grupamento social homogêneo, com linguagens e referências próprias. Festas como o São João e o carnaval, que no Brasil adquiriram status extraordinariamente significativo, tem sido vilipendiadas com a adesão de pretensos agentes culturais alienígenas mancomunados com políticas públicas mercantilistas sem o menor compromisso com a identidade de nosso povo, de nossas festas, e por que não, de nossas melhores tradições, no sentido mais progressista da palavra.





Sempre digo que precisamos valorizar os conceitos, para que a arte não se dilua em enganosas jogadas de marketing. No que se refere ao papel de uma secretaria ou qualquer órgão público, entendo que seu objetivo primordial seja o de fomentar, preservar e difundir a cultura de seu estado, muito mais do que simplesmente promover eventos de entretenimento fácil com recursos públicos. É preciso compreender esta diferença quando se fala de gestão de cultura em nosso país.





Defendo democraticamente qualquer manifestação artística, mas entendo que o calendário anual seja largo o suficiente para comportar shows de todos os estilos, nacionais ou internacionais. Por isso apóio a iniciativa de Chico em evitar que interesses mercadológicos enfiem pelo gargalo atrações que nada tem a ver com os elementos que fizeram das festas juninas uma das celebrações brasileiras mais reconhecidas em todo o mundo.





Lembro-me que da última vez que encontrei o mestre Luiz Gonzaga, num leito de hospital, este me pedia aos prantos: “não deixe meu forrozinho morrer”. Graças a exemplos como o de Chico César, o velho Lua pode descansar mais tranquilo. O forró de sua linhagem há de permanecer vivo e fortalecido sempre que houver uma fogueira queimando em homenagem a São João.





Alceu Valença









Alceu publicou esse manifesto em sua página oficial, segue o link: http://www.alceuvalenca.com.br/

domingo, 8 de maio de 2011

NIETZSCHE E O ZARATUSTRA...

POR QUE ZARATUSTRA?


 



Zaratustra ou Zoroastro, fundador da religião persa, foi um profeta ariano que por volta de 600 a.C. pregou a existência do Bem e do Mal como entidades distintas e totalmente antagônicas (até então a crença geral era de que o mesmo deus era capaz de uma coisa, como a outra). É o autor dos Gäthäs, cinco hinos que formam a mais antiga e sagrada parte do Avesta, o livro santo do zoroastrismo. Nietzsche tomou conhecimento dele provavelmente por intermédio da obra de um erudito da época, inspirando-se então naquela fantástica personalidade.



O motivo de um ateu assumido como Nietzsche ter lançado mão de um carismático líder religioso do passado, fazendo-o veículo da sua mensagem, deve-se a que o pensador alemão racionalmente e intelectualmente deixara de ser cristão, mas psicologicamente e emocionalmente ainda seguiu tendo a mente de um crente. Afinal, Nietzsche era filho de um pastor luterano. O que igualmente explica o tom de sermão da sua prosa, carregada de parábolas, simbolismos e imagens litúrgicas e locais sagrados, presentes na maioria dos capítulos do "Assim falou Zaratustra". A escolha também tratou-se de uma provocação, pois o Zaratustra ficcional dele retornou a cena exatamente para desfazer o que o real profeta ariano fizera há mais de dois mil e quinhentos anos passados, isto é, instituir a idéia do Bem e do Mal.



O Anticristo




Zaratustra é pois um Anticristo. Ele não veio do deserto como Jesus Cristo, mas sim desceu do alto da montanha, do fundo da caverna, como viu Platão os filósofos emergirem em busca do sol, em busca da vida. Não se dirige aos pobres, ao humildes, aos doentes, aos perdidos e aos fracos, muito menos lhes promete o Reino dos Céus. Seu público é outro. É o dos vencedores, dos afirmadores da vida, os que querem viver o aqui e o agora, tendo a Terra como seu único reino. Arenga aos que desprezam! Desceu à planície para anular o cristianismo.



A sua meta é atingir uma parte especifica da humanidade, os homens superiores (höheren Menschen), a quem Cristo ignorou. Zaratustra é sim um Cristo da elite, pois Nietzsche escreveu o evangelho do super-homem - o que anuncia um novo tempo, uma era em que Deus morreu (dass Gott tot ist!), na qual o Homem se apressa para assumir o poder na totalidade, na qual terá que arcar com as conseqüências morais e éticas de um mundo sem Deus.



Para tanto, ele, o super-homem, operará a transvaloração. Tudo o que o cristianismo estigmatizara - o orgulho, o egoísmo, a riqueza, a vontade de poder, a sensualidade e a nobreza de espírito - deverá voltar a modelar e inspirar a humanidade. A resignação, a docilidade e o servilismo, por sua volta, serão sucedidos pela ação, pela inconformidade e pelo domínio - A lamúria do resignado, cederá lugar ao grito do forte!



Os próprios símbolos que cercam Zaratustra, a águia e a serpente (meinen Adler und meine Schlange), antigas metáforas zoológicas do orgulho, da arrogância e da astúcia, contrapõem-se às do cordeiro e do peixe - os favoritos de Cristo - ícones da mansidão, da quietude e da simplicidade. Se Cristo pregou o Sermão da Montanha para os pobres de espirito, Zaratustra lança sua isca para alçar os destemidos. O seu é um Evangelho dos Fortes. Sua mensagem não é para todos, é para poucos.



Viver perigosamente




"Ich seht nach oben, wenn ihr nach Erhebung verlangt. Und ich sehe hinab, weil ich erhoben bin. Wer von euch kann zugleich lachen und erhoben sein? Wer auf den höchsten Bergen steigt, der lacht über alle Trauer-Spiele und Trauer-Ernste."



"Olhais para o alto quando aspirais elevar-vos. Eu, como já encontro-me acima, olho para baixo/ Quem entre vocês pode estar acima e ao mesmo tempo gargalhar? Aquele que escalou o mais elevado dos montes, ri-se de todas as tristezas encenadas da vida." - Zaratustra - da leitura e da escrita



Enquanto Zaratustra pregava na ágora, a atenção da multidão desviou-se para o alto onde estava um equilibrista numa frágil corda. Um outro, um rival, afobando-se, terminou por precipitar-se no chão, estatelando-se agonizante bem perto do profeta. O desastrado homem, no seu estertor, acredita que agora o diabo o arrastará para o inferno. Confortando-o, Zaratustra diz-lhe: "Amigo - palavra de honra que tudo isso não existe, não há diabo nem inferno. Sua alma ainda há de morrer mais rápido do que seu corpo: nada tema". Quando o trapezista caído ainda se lamenta pela vida que levou "recebendo pancadas e passando fome", o profeta consolou-o respondendo: "Não, você fez do perigo sua profissão, coisa que não é para ser desprezada"( du hast aus der Gefahr deinen Beruf gemacht). Dito isso ele mesmo trata de sepultá-lo com suas próprias mãos.



A cena do profeta tendo em seus braços um morto, é a "pietá" de Nietzsche. Este é o modelo de homem do profeta, o que compete, o corajosos que arrisca, o que diariamente vive na corda bamba, e que morre por isso mesmo, por levar uma vida perigosa (ein gefährliches leben).



Os companheiros de Zaratustra




Como o povo (Volke) não lhe deu ouvidos, Zaratustra, resmungando "que me interessam a praça pública, o populacho e as orelhas cumpridas do populacho?", concluiu então que precisava de companheiros (Gefährten): os "que desejam seguir a si mesmos, para onde quer que eu vá". Afinal ele viera "para separar muitos do rebanho". Que tipo de companhia quer o profeta? Justamente os que "os bons e justos" mais odeiam - o que lhes despedaça os valores, o infrator, o destruidor - porque é esse o criador.



Não são os negligentes nem os retardados que o seguirão, mas sim os inventivos, os que colhem e se divertem, os solitários e todos aqueles unidos pela solidão, interessados em escutar coisas inauditas - a marcha do profeta será a marcha deles. Assim é que sua oração dirige-se para os que estão atacados pela "Grande Náusea"(der grossen Ekel), o tédio de quem vive numa época em que o antigo deus morreu, mas que não existe ainda nenhum outro novo deus. Zaratustra veio para afastar deles a sombra dos deuses antigos que ainda escondem-se atrás das nuvens do presente. Veio para mostrar-lhes a verdadeira face da natureza, chegou par torná-la humana, para desmagizá-la.



O que irritava sobremodo o profeta era o último homem (letzter Mensch), um teimoso, "inabalável como um pulga", que, segundo Heidegger, não queria "se desfazer da sua depreciável maneira de ser". Ao insistir em viver de acordo com os valores desaparecidos, em prender-se a um ídolo que já se fora, esse cabeça-dura continuava a freqüentar o santuário do deus caído em ruínas. Ali, nada mais achando nele, o estulto agachava-se, arrastava-se no pó, em meio aos cacos, atrás das cobras e dos sapos para adorá-los.

 

quarta-feira, 4 de maio de 2011

FALA NOVA

FALA NOVA




Marcelo Nova estreou uma coluna no site do João Rock, maior festival de rock do interior de São Paulo.
Confira abaixo.
Interagindo da Caverna - 25 de abril



A exceção do ato sexual, nunca gostei de interagir. Ainda garoto sucumbi aos encantos da música e sempre preferi ouvi-la em completo silêncio.
Sem irmãos para brincar, passava tardes inteiras com meus bonequinhos elaborando planos estonteantes que faziam os cowboys e os índios vencerem os soldados da Polícia Montada do Canadá pelo direito de habitarem o cobiçado castelo medieval.
Adolescente, descobri na literatura e no cinema um universo fértil para estimular e aguçar a minha capacidade de percepção.
Hoje, noto que as pessoas parecem ter encontrado o Santo Graal através da inclusão digital, onde a comunicação, por mais superficial e irrelevante que seja, assume ares de insuperável modernidade, fazendo-me pensar em que caverna da era Mesozóica estou conseguindo viver sem Facebook, Twitter, MySpace e Orkut.
Daí a minha surpresa quando recebi um telefonema do sr. Marcelo Rocci (quase um padre), criador do João Rock, festival que há dez anos é realizado em Ribeirão Preto, SP, reunindo artistas novos e veteranos do rock nacional (eu mesmo participei em 2009), de diversas tendências e estilos, convidando-me para escrever através das tais mídias eletrônicas, associando meu nome ao evento.
Pensei na importância que o rock and roll imprimiu à minha vida, transformando-a quando, ainda garoto, ouvindo Little Richard pela primeira vez, arrebentei o sofá da minha mãe dançando freneticamente em cima do mesmo.
O rock apontou-me um caminho, uma direção e tem sido a minha prioridade. Através dele construí uma carreira profissional com mais de trinta anos e graças a ela mantenho o que possuo de mais precioso que é a minha família.
Como dizer não a um cara que obstinadamente vem investindo no rock feito no Brasil há mais de uma década?
Se os artistas que participam são merecedores de aplausos ou apupos, vocês que os julguem.
Mas a oportunidade de poder conferir um festival com boa estrutura, que se solidifica a cada ano num país onde a prioridade musical sempre fica destinada a eventos para sertanejos, axezeiros e pagodeiros não deixa de ser notável.
Um abraço e até a próxima.







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