sexta-feira, 27 de maio de 2011

A CONCIÊNCIA É CORRUPTA... (O ENCONTRO DO REVERENDO MARCELO NOVA COM O SENHOR PAULO MALUF)



 

A CONSCIÊNCIA É CORRUPTA...

Semana passada fui acometido por uma recorrente insônia que somada as minhas necessidades profissionais de viajar para tocar e conseqüentemente emplacar mais noites em claro, fizeram-me em pedaços.
Sexta-feira, após um voo interminável, eu e minha banda chegamos a Palmas, no Tocantins. Ao saltar do avião fomos agredidos por uma temperatura de quarenta graus e uma umidade que desconheço o nível, mas tenho certeza faria o paraíso de cobras, lagartos e jacarés. Rapidamente, o produtor do evento nos leva para almoçar num shopping center, com a fantástica promessa de ar condicionado, aparelho que para mim reduziu significativamente a importância de Deus.
Enquanto bebo tudo que me passa pela frente, recebo um telefonema do Renato, pessoa responsável pelas inserções dos textos do Fala Nova, lembrando-me que estou atrasado para a entrega do mesmo. Respondo-lhe pedindo paciência pois naquele momento eu mais parecia uma poça de mijo: quente e molhado.
Mais tarde após o show, outra noite sem dormir e então direto para o aeroporto pegar um voo para São Paulo com conexão em Brasília. Lá na terra da politicagem, numa sala desconfortável, finalmente ouço a chamada para o embarque e como um sonâmbulo dirijo-me ao ônibus que nos conduziria ao avião. Atiro-me no primeiro assento vago e logo tenho a impressão de estar vivendo um sonho (ou pesadelo) surreal. Sentado ao meu lado, ombro a ombro, está Paulo Maluf!
Olhou para mim com um sorriso político de sedução ao possível eleitor e perguntou:
"Está indo para São Paulo?"
"E não vejo a hora" respondi.
Seguiu-se um rápido diálogo abordando a natureza indomável da cidade onde ambos moramos e enquando nos aproximávamos do avião ele me disse:
"Fiz por São Paulo o que muitos tiveram a chance e não fizeram. Minha consciência está tranquila."
Imediatamente disparei:
"Paulo, a consciência é corrupta, você a manipula todo o tempo. O mês passado fiz algo de que não me orgulho e a minha consciência me disse 'Que ato desprezível o seu!' A semana passada ela sussurrou no meu ouvido 'Relaxa Marcelo, não foi tão grave assim, está tudo bem.' E ontem Paulo, a minha consciência me chamou para fazer sexo e disse que me ama!"
Sem tirar os olhos de mim, deu uma risada e falou com aquele sotaque e timbre que só Maluf possui:
"Você acabou com a consciência. Que o povo não saiba disso..."
Deu-me um tapinha no ombro, levantou-se rapidamente e, como o ônibus já havia parado, seguiu caminho. Quando finalmente subi a escada do avião, encontro quatro ou cinco pessoas aglomeradas dificultando a passagem. Entre elas, Maluf.
Me espremi, passei e enquanto procurava o meu assento, ouvi o inconfundível sotaque:
"Minha consciência está tranquila."
Sentei-me, fechei os olhos e apaguei, ignorando Maluf, o povo e as consciências tranquilas.



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