quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

3X BOTA P/ F...

Uma ode à liberdade


  • 13 de dezembro de 2011/Gislaine Gutierre

Marcelo Nova é um coiote solitário. Um sujeito que não segue bandos. Tem sido assim desde o começo, nos anos 80, quando o jovem baiano, roupas pretas e rosto cheio de espinhas, encarou com sua banda Camisa de Vênus um mercado dominado pelos nomes de São Paulo, Rio e Brasília. Mas o grupo tinha um grito de guerra, “bota pra f…”, e ele parecia se divertir em não fazer concessões para ser aceito naquele rol.

“Só respondo por mim”, costuma dizer ainda hoje, reforçando a condição de um profissional sem rabo preso com ninguém. Aliás, há 14 anos Marcelo não tem empresário nem assessor. “Sou meu próprio Roberto Marinho e meu próprio motoboy”, diz. Uma liberdade que, se tem o preço de distanciá-lo do mainstream, o deixa livre para fazer um trabalho como o CD e DVD ‘Hoje no Bolshoi’, gravado num pub de Goiânia no ano passado, com um repertório que não se pauta pela obviedade de seus inúmeros hits. Verdade que tem ‘Hoje’, ‘Simca Chambord’ e ‘Eu Não Matei Joana D’Arc’. Mas tem também duas inéditas, canções da fase solo, com Raul Seixas e outras menos conhecidas. Com este trabalho, o músico celebra 30 anos de carreira – agora, são 31.


Mas esse jeito independente e solitário não fez de Marcelo um tipo ranzinza. Aos 60 anos, casado pela segunda vez, o pai de Drake (19 anos, guitarrista de sua banda), Felícia (dançarina) e Penélope (ex-VJ da MTV) e avô de uma menina de 3 anos é sarcástico, afável e divertido. E não poupa palavras.

Antes de formar o Camisa de Vênus, você se inspirava na banda Os Panteras, de Raul Seixas. Queria fazer rock e pegar as menininhas, como eles. Depois, foi do jeito que imaginava?

Foi, claro que foi. Mas devo acrescentar que não era só para pegar menininhas. Eu amava profundamente a música. Aos 9 anos, ouvi Little Richard na rua. Pedi para o meu pai comprar o disco e eu não sabia o que era rock ‘n’ roll, não sabia falar inglês e me apaixonei por aquilo.

Seus pais faziam o quê?

Meu pai era médico e minha mãe era terapeuta ocupacional. Eles trabalhavam juntos. E tenho uma irmã 12 anos mais velha, que naquela época gostava de me massacrar com João Gilberto.

Para seguir a vida de roqueiro, teve aquela coisa de sair de casa?

Não, não. É uma cultura nordestina. Você cresce com seus pais, casa e continua morando com eles. Aí você tem filhos e seus pais cuidam de seus filhos como se fossem deles. Casei aos 19 anos, minha mulher tinha 15 e continuei morando com os meus pais. Com duas filhas.

E você tinha de se manter, financeiramente?

Sim, fui radialista, vendi seguros. Fui um péssimo vendedor, tinha um cabelo enorme, abaixo do ombro, numa época em que isso era muito incomum. As pessoas ficavam chocadas, gritavam na rua: ‘mulherzinhaaa!’ (risos).

Em 1972, você compôs ‘Quando Eu Morri’, em que narra sua experiência com o LSD. Em 1973, nasceu a Penélope. Como foi a chegada do bebê em meio a tanta loucura?

Ela foi a principal responsável por eu ter parado o meu envolvimento com drogas. Muito jovem que era, quando eu ouvia Lucy in The Sky With Diamonds, eu pensava, ‘pô, será que se eu tomar LSD eu vou ver uma vaca voando?’ E eu era um jovem muito curioso.

Que tipo de droga experimentou?

De tudo. Só não me injetei nada. Só fui tomar morfina pouco tempo atrás porque tenho cálculos renais e a anestesia é através de morfina, que é uma delícia. É uma droga que tira todo e qualquer desejo. Você não precisa de dinheiro, de sexo, de poder, de nada. E é completamente diferente do LSD, que lhe joga num outro universo durante 16, 17 horas. Quando eu Morri tem um verso que diz “eu sentia tanto medo, eu só queria dormir cedo pra noite passar depressa e não poder me agarrar”. Eu tinha a sensação de que a noite queria me sugar para dentro dela e que eu jamais ia conseguir sair. Era uma sensação pavorosa. Dito assim, é engraçado. Vivenciado, é terrível.

Você teve sua segunda filha em 1979. Elas te acompanhavam na vida do Camisa?

Não, elas ficavam com a minha mãe, que era uma avó muito extremada. Em 1984 meu casamento acabou e eu mudei para São Paulo. Menos de dois anos depois, meu pai faleceu, então eu trouxe minha mãe para morar comigo. Falei, ‘ agora é a vez de eu cuidar de você’. E ela tá ali, ó, naquela caixa vermelha (aponta para o alto da estante cheia de discos). Os restos dela estão ali. Ela faleceu há três anos. É tão bacana, taí, é uma lembrança. Como não tenho nenhum vínculo religioso, é apenas uma referência. Eu a deixei ali, junto de Alice Cooper. Porque ela ia ao show do Camisa toda maquiada nos olhos, botava coleira, umas correntes no pescoço, ia para a linha de frente e gritava ‘bota pra f…’. E a molecadinha adorava.

O disco ‘Viva’, do Camisa, foi censurado no finzinho já da ditadura. Por que motivo?

Porque não submeti o disco a nenhuma apreciação da censura federal. Vi meu disco sendo preso na loja Hi-Fi do shopping Iguatemi. Os caras pegaram duas caixas com 50 discos. Eu só fiquei rindo. Perguntei: ‘vem cá, não seria mais sensato me prender?’ Ele me olhou de cima a baixo, e falou: ‘quem é o senhor? Eu disse, ‘a pessoa que gravou esse disco’. ‘Isso aí não é função nossa. Nossa função é recolher o álbum que está proibido’. ‘Então tá’ (risos). Que coisa ridícula! Isso tudo em nome da moral, dos bons costumes, e de seja lá o que for.

Hoje a gente não tem essa censura formal, mas há uma onda do politicamente correto cada vez mais forte. Acha que uma música como ‘Bete Morreu’ passaria por esse crivo?

O que tem Bete Morreu para ser censurada? ‘Amordaçaram Bete, espancaram Bete, violentaram Bete, ela nem se mexeu, Bete morreu!’ Liga no Datena, que é dez vezes pior! (risos). Bete Morreu na verdade é uma canção que escrevi no meio de uma dor de barriga. Fui para o banheiro, catei o jornal, e lá estava falando do assassinato de uma garota cujo corpo tinha sido encontrado por um chofer de caminhão. Saí de lá e meio que transcrevi aquilo. Então Bete Morreu é apenas e tão somente uma canção de um cara muito jovem, que estava começando a escrever.

Você gravou com Raul Seixas o disco ‘Panela do Diabo’ e juntos fizeram uma turnê numa época em que ele estava na pior. Como foi essa fase?

Ele estava muito mal fisicamente, economicamente e eu ficava fazendo feira para ele comer. Ele ficou internado uma semana no Sírio-Libanês, atendido e sendo examinado e o médico lhe indicou atividade moderada. Porque ele estava em casa, enlouquecendo diuturnamente, não só bebendo. Fizemos 50 shows. E ele não faltou em nenhum.

Com tantos anos de estrada e sucesso, você deve ter conquistado uma certa estabilidade financeira. Pra que serve o dinheiro para você?

Eu sou um cara absolutamente insano em relação a dinheiro. Quando tenho, gasto tudo. Gasto com viagem CDs, vinis, Blu-Rays, DVDs, filmes. São meus deleites. Sou um hedonista completo. E quando estou sem dinheiro, corro atrás. Porque todo mundo acha que o Marcelo Nova é doido, mas ninguém sabe o sangue que custa ser louco (bate no braço). Ser louco e manter uma família, assumir responsabilidades. Mas eu nunca consegui pensar no dinheiro como uma coisa que tenho de fazer, fazer e guardar. Meu pai, quando morreu, me deixou US$ 2 mil. Eu nunca o censurei por isso, pelo contrário. Ele me ajudou em vários momentos da vida quando eu não tinha dinheiro.

Você tem 60 anos, mas parece que pouco mudou na fisionomia. É o rock que não deixa envelhecer ou um roqueiro não pode envelhecer?

Não, isso é lenda. Eu envelheci sim. Tenho cabelos brancos que cobrem as minhas têmporas, a carne flácida das papadas que estão começando a se pronunciar pela força da gravidade. Envelheci como todo mundo. Essa mítica de que o rock é jovem, acho uma bobagem total. Detesto. Eu vejo por exemplo o Mick Jagger, que é de uma banda que eu gosto muitíssimo. Vejo um senhor de quase 70 anos, mexendo aquele c… magro, prum lado e pro outro naquele frenesi, de mãozinha na cadeira, eu fico com vergonha, a tal vergonha alheia.

Mas você tem vaidade?

Tenho. Gosto de andar bem vestido, até porque não gosto mais de andar de camiseta e jeans. Sim, cultivo o meu topete, então, como vou dizer para você que não sou vaidoso?, Mas evidentemente, tudo na vida tem limites e parâmetros. Não seria nem sensato eu, aos 60, querendo parecer um menino de 20 anos. Eu tenho 60. Se quiser entro no ônibus sem pagar, tem uma vaga de idoso no shopping center me esperando agora. Não posso aceitar essa ideia de que o rock vai me mumificar, não. Não acredito nisso.




quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

VELHOS AMIGOS

     "Velhos amigos vão sempre se encontrar Seja onde for.
Seja em qualquer lugar O mundo é pequeno, O tempo
É invenção Que o amor desfaz na tua mão Nada passou,
Nada ficará Nada se perde, nada vai se achar Poe nosso
Nome na planta do jardim Vivo em você e você dorme
Em mim E quando eu olho pro imenso azul do mar
Ouço teu riso e penso: onde é que está? A nossa
Planta o vento não desfez É nunca mais, mas é mais
Uma vez" ( OSWALDO MONTENEGRO )

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Então poeta !



O que vai ser de tú, matuto e marginal?
 Alvo de tanta intolerância, tanta perseguição burra e cega.
 Talvez maior que homofobia, disputas de gênero, racismo e outras imbecilidades
 O que será de ti...
  Poeta?
  Não espero ouvir um grito como Resposta?
 O que dizes Agora?
 O que será de ti... Poeta?
 Poemas foram e vieram de ti; Conclusões,  algumas precipitadas.
 Caminho cercado de tudo que não quis
 Desde Jesus " Aquele que não entendes" aos Postos de gasolinas  fubangas de pernoites escravos.
 Poeta ! como esperas ser chamado?
 Poeta! Quantas desonras, quanto sexo sem sentimento? O que sobrará?
 O quê  vale depois, o quê ? 
 - Além da ironia e poesia, não sei  o quê me basta... Não sei!
APENAS A PALAVRA D!TA
MAE Y D!TA HUMANA
OUTRAS VEZES ATE PROFANA
COMO VERSOS AGRANEL
Y DO MESMO OU POUCO !MPORTA
UMA UN!CA CERTEZA NO
F!M:
EU F!Z DO MEU GE!TO
!!!

-Tato Lima Rei.
-c.p.b.p.jr:

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

TODO MUNDO TÁ FALANDO


Todo mundo tá falando de fama
Todo mundo tá falando de guerra
Todo mundo tá falando de lama
Todo mundo tá falando de terra
Todo mundo tá falando de medo
Todo mundo tá falando de paz
Todo mundo tá falando segredo
Todo mundo tá falando demais
Por telefone,
Por Orkut,
Por carência
Por site,
Por decadência
Por vontade de brilhar
Por Facebook,
Por email,
Por desespero
Todo mundo quer falar
Ao pé do ouvido, por gesto,
por ousadiaTimidez ou covardia
Por não saber escutar
Pela TV, pelo cinema ou microfone
Todo mundo se consome
 Mas não para de falar.


-OSWALDO MONTENEGRO-

NÃO IMPORTA POR QUÊ



A fita k-7 passou
Telefone sem bina também
O sonho hippie acabou
Dos santos não sobrou ninguém
O tal socialismo morreu
A pura inocência eu perdi
O fim da vanguarda vse deu
Depois do passado é aqui
O jovem que eu não vi já não é
A bola de couro murchou
A grama tá sem o Pelé
Até oTitanic afundou
Planetas perderam Plutão
Há livros que ninguém mais lê
Tem bicho em total extinção
Mas eu ainda amo você
Qualquer hora, sem nenhum aviso
quero encontrar você
Gargalhando, acordando a cidade
E não importa por quê
Quero ver o teu rosto pintado
O teu sorriso desenbestado
E não importa por quê
Quando a hora chegar, sempre chega
Quero encontrar você
Sem as capas dos velhos contratos
E não importa por quê
Brasileira do som misturado
Deixa o meu coração apressado
E não importa por quê.

(OSWALDO MONTENEGRO)
DE PASSAGEM

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

''VERDADES E MENTIRAS SOB AS MARQUISES DO RECIFE''


(UMA CANÇÃO  A DINHA LOVE)

meretrizes e mendigos escondidos
escárniçado pelo ódio e pelo õnibus enxergo
a minha propria vida ali contida e metida
será que foi eu?
será que sou eu?
há gente que passa e não enxerga as marquizes
nem as feridas esposta e come sem remoso
seu xburguer diet com vitaminas importada
e maionese light
tudo bem tudo bem,meu bem
eu também sei cantar ingles.

os traçados de minha alma
não espressa esse ódio
contido e imbutido
no parapeito do meu peito
sem jeito algum 
estive rodeando essa vida
e enganando os sorrisos
da cara de deus.

e os mendigos e as meretrizes 
vão continuar em suas marquizes
depois de voce recitar a constituição
e grafar os versos que diz
todo homen tem direito
 a dignidade e respeito
e essa será uma canção de amor
-A Plebe Poética-

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A JUDIA E O ALEMÃO

A Judia e o Alemão
(a Roberto Freire, ao Anarquismo, ao Amor)

Os cães trepam em frente
Da casa espírita
Que com água benta
Em vão tenta exorcizar o Amor!
Mesmo dentro
Do meu coração
Percorre a rua na finita solidão
Dos amantes e poetas
Que transformam em Amor
Qualquer palavra predileta
E em ânsia sã ou vã
O amadorismo das palavras descobertas
Sempre fui alcoviteiro do Amor
Mesmo quando delator me torna
E retorno em mágoas
O belo sentimento resguardado
Como enigma...
Como miragem
De um resplendor
Apenas visto no silêncio
Das fábulas de Homens e Cães
Que procuram no Amor
Atenuar sua condição de Fera.

-Miguel Vieira

Um dia de novembro

 

Cada salto,
Todo passo, e
Meus pés afundam
Neste barro,
Que sou.

Terra úmida,
Por onde transito,
Seca, virando minha pele.
Pele que já nem sinto.

Respiro os ares pobres,
De gases que me mantém vivo.
Do pó e morte sobrevivo.
Pois viver é só memória.

Escuto vida ao fundo,
São Outros, Sons outros,
Que tentam penetrar,
Nesta alma de areia,
Abastecida de água, é rocha;
Inflamada de sol, é pó que voa.

Canto os sons dos tempos.
Nado gritando silêncios.
Com rancor? Estaciono.
Cuido de meu jardim de maus-tratos.

Tenho asas,
Mas para que me servem?

Os dias chovem,
Aumenta o peso,
Que me prende ao chão.



-Franzé Matos


segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

CONVITE: Projeto Natal Cultural!

A SOCIEDADE FILHOS DA PÁTRIA & RODRIGO CAMBARA CONVIDA PARA O NATAL CULTURAL.




 EVENTO REALIZADO DIA 16/12/2011
No "Lar Ceci Costa" (Instituto Espírita Allan Kardec e Lar Ceci Costa. Av. Prof Andrade Bezerra, 826 - Salgadinho, Olinda - PE, 53110-110) Das: 08h00min até as 11h00min. 
PROGRAMAÇAO:

-Sessão de cinema pela manhã tendo a apresentação do filme "Up Grandes Aventuras". 
-Recital de poesia "SOCIEDADE-FDP!!! & CONVIDADOS",(Uma homenagem aos poetas "Manuel Bandeira, & Antônio Rodrigues",  apresentação de poemas autorais feito pelos demais poetas). 
-Oficinas (desenho, pintura e leitura).



         OBS: É um projeto social/cultural que se realizará num natal solidário para as crianças do Lar Ceci Costa. Projeto irá consistir na doação de livros que serão entregues na data citada acima, e fará parte de um dos eventos culturais que irá acontecer no dia, assim como também o recital de poesia, oficina de leitura e de artes e outra tantas atividades que serão realizadas.
A idéia do projeto é a de difundir cultura junto com as crianças da comunidade do bairro de Salgadinho crianças essas que já participam de varias atividades culturais oferecidas de forma gratuita pelo Lar Ceci Costa, mas que ainda não possuem uma biblioteca para que possam realizar pesquisas referentes a trabalhos escolares e tão pouco tem contanto com os grandes clássicos da literatura, poesia e filosofia.


contatos:

(81) 3241-0195 OU (81) 9692-6273



terça-feira, 29 de novembro de 2011

anoiteceu...o espetáculo da noite............


anoiteceu...o espetáculo da noite............

A estrela que brilha na noite escura e fria ,
pisca as cores das mais reluzentes,
ora azul,ora branco,ora vermelho e tantas outras cores que os meus olhos se rendem á tamanha beleza ,
me desperta para as maravilhas da natureza;
Como é imenso o céu escuro e o vento faz a trilha sonora da noite,
batendo nos coqueirais que parecem que tem vida,
se mexendo na batida que a ventania lhe proporciona;
Fria é a brisa ,
que com carinho nos rodeia,
tranquila,
velando o sono da gente,
que inconcientes ,
sonhamos dormentes,
as coisas mais diferentes e ímpossiveis de se imaginar,
 e o espetáculo dura a noite inteira,
até que o dia chega para o ciclo se completar
 e na noite seguinte,
novamente o espetáculo
continuar.

(severino ramos).


FILOSOFANDO À TOA-9



FILOSOFANDO À TOA-9

(Sobre Raul Seixas e o Mito na Contemporaneidade)

Por: Célio limA.






“Eu vi o céu à meia-noite Se avermelhando num clarão Como incêndio anunciado No apocalipse de São João Porém não era nada disso Era um Curisco, era um Lampião. Eu vi um risco nos espaços Era o revôo do sanhaçu Eu vi o dia amanhecendo No ronco do maracatu Não era lança de São Jorge Era o espinho do mandacaru. Ví um profeta conduzindo Pros arraiais as multidões Pra construir um chão sagrado Com espingardas e facões Não foi Moisés na Palestina Foi Conselheiro andando nos sertões. Eu vi um som na escadaria Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó Não era o eco das trombetas De Josué em Jericó Era um fole de oito baixos A tocar numa noite de forró. Vi um magrelo amarelado Passando a perna no patrão Não foi ninguém da Inglaterra Nem de Paris, nem do Japão Era o Pedro Malazarte Era João Grilo e era Cancão. Eu vi um som ao meio-dia No meio do chão do Ceará Não era o coro dos Arcanjos Nem era a voz de Jeová Era uma cascavel armando o bote Balançando o maracá. Vi uma mão fazer do barro Um homem forte Um homem nu Um homem branco como eu Um homem preto como tu Porém não foi a mão de Deus Foi Vitalino de Caruaru”. (Braulio Tavares) 

O Mito que vem a ser relatos de um povo ou pode se disser ser narrativas de determinadas tribos também. Que falem sobre a cosmologia ou o surgimento das coisas em geral. Há certo embate por parte dos que trabalham com a filosofia e o mito. Há os que utilizam da filosofia como uma busca puramente racional, calculista e fria. Para esses indivíduos os mitos seriam meros tipos de contos fictícios. Há os que utilizam do teor ou forma do mítico para passar as noções filosóficas sobre a verdade. Ver como exemplo o mito da caverna do Platão. 

Com o advento da modernidade o puder da Ciência como autoridade de alguma verdade. Destruiu com alguns mitos e alguns conceitos da tradição social e também religiosa. Porém vez ou outra surge uma nova descoberta, que mostra que tais conceitos científicos são ultrapassados e, portanto trocado por outros conceitos. Entra dessa forma a narrativa mítica como elemento na própria ciência. Exemplifico os conceitos de átomos, quarqks, big bang ou bigs bangs, a física quântica, a nanotecnologia etc.

Na contemporaneidade se utiliza muito a expressão “fulano é um mito”. “O Raul Seixas é um mito”. “O Airton Sena ou o Mané Garrincha foram mitos”. Isso vem a ser dito sobre os mortais que fizeram alguma faceta histórica ou simplesmente se refere a figuras que diante do seu tempo. Realizaram coisas diferentes do que a grande maioria. Que estavam ocupadas demais ou bitoladas adestradamente em sua própria rotina. Falarei a seguir sobre o primeiro personagem citado acima e de como se formou como um mito-homem ou mito-midiático.

Raul Santos Seixas ou Raulzito, para os familiares e amigos. Compositor e musico baiano. Que nos anos 60 liderava um conjunto de jovem guarda, nos anos 70 passa de produtor musical da CBS a Cantor participante do festival internacional da canção, com destaque e em seguida adotando o nome/personagem Raul Seixas, que constrói uma interessante carreira musical findada em agosto de 1989.

O mito Raul Seixas fora produzido filosoficamente pensado com o reforço da expressão e pronome: “Eu” acrescido do verbo em suas canções ver nas letras dos seus discos: “Krig-ha Bandolo!” de 1973. “Eu sou a mosca que pousou em sua sopa”, “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante”, “Eu devia estar contente...” (Mas acho tudo isso uma bosta ou um pé no saco). O reforço do “eu” como personagem é evidente nos discos seguintes “Gita” de 1974, e “Novo Aeon” de 1975. O Gita ele aparece na capa como um roqueiro messiânico cujos dedos apontando “alguma direção”. Nos versos retirados do livro sagrado dos hindus o “Bhagavad-gita”: “Eu sou a luz das estrelas, Eu sou a cor do luar...”. Na canção “Água Viva” ele se utiliza de São João da Cruz, “Eu conheço bem a fonte que desce daquele monte ainda que seja de noite”, na faixa “Loteria de Babilonia” titulo extraído de j. Luiz Borges ele tanto cita o episodio mítico dos 12 trabalhos de Hercules como reforça o tom de líder ou pregador. Coisa que fortifica a sua imagem de mito na faixa intitulada “As aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor”. Mostrando suas facetas e o seu conhecimento diante o mundo. Destaco a importância da faixa “Novo Aeon” onde ele reforça a sua filosofia ou sua busca de sentido para a vida. “Querer o meu não é roubar o seu Pois o que eu quero É só função de Eu”. E assim o Raul seixas se consagra como um personagem de dentro das suas próprias canções. Uma Metamorfose Ambulante, um Maluco Beleza ou poeticamente falando um Carpinteiro do Universo que se diz ser egoísta ao ponto de querer ajudar. Em uma canção do seu ultimo trabalho solo “Senhora Dona Persona (pesadelo mitológico n 3)”: “Os homens passam mais as musicas ficam”. Ele reforça assim que é através das obras que o humano se torna um mito.

É assim que o personagem Raul Seixas vem atravessando a historia. Pelas suas facetas, como quando utilizou do texto do Anarquista Pierre Joseph Proudon na canção “O Carimbador Maluco” para um especial infantil da Rede Globo. Também como muita das vezes o “Cantor Embriagado” e desleixado a aparecer no palco ou em programas televisivos, ou o do Raul Seixas que transou com Deus e com o lobisomem existente nas Multinacionais, no Ocultismo de Aleister Crowley, no pensamento Anarquista proferido na sua Sociedade Alternativa ou até na autobiografia dos versos proferidos nas canções “O Homem” e “Banquete de Lixo”. Enfim eis o perfil do homem e do artista cuja obra passa por quatro gerações e que continua presente nas mídias e também na divisa gritada pelos jovens em diversos tipos de shows por todo o país, o “Toca Raul!!!”. –Célio limA.


“Mal eu subo no palco Um mala um maluco já grita de lá -Toca Raul! A vontade que me dá é de mandar O cara tomar naquele lugar Mas aí eu paro penso e reflito como é poderoso esse Raulzito Puxa vida esse cara é mesmo um mito. Em todo canto que eu vou Tem sempre algum grande fã do cara É quase uma tara Jovens velhos e crianças Malucos e caretas Parece uma seita Por isso eu paro penso reflito Como é poderoso esse Raulzito Puxa vida esse cara é mesmo um mito. Agora toda vez que algum maluco beleza gritar -Toca Raul!
Eu saco esse ás da manga Esse coelho da cartola essa carta da tanga Essa balada-quase-rock com pitadas de forró E nenhum sentimento blue Pra nunca mais ter que ouvir Alguém gritar e pedir: -Toca Raul!” (Zeca Baleiro)


OBS: Célio limA. É filosofo por natureza; anarquista por tesão e poeta por diversão. Membro fundador dos movimentos literanarkos: a Sociedade dos Filhos da Pátria; A Liga Espartakista-Sempre Mais!!!. Atua nos Blogs:http://salveopoetasalve.blogspot.com/;http://sexopoemaserocknroll.blogspot.com/;http://poetasdemarte.blogspot.com/ .Atualmente cursa: FILOSOFIA-UFPE

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

''em um bar perto do céu''



( p/ "ANTONNIO RODRIGUES'' )
tomando essa cerveja barata
ouvindo um velho blues cada
vez mas cadavérico e insano
eu tenho medo de viver soluçando
eternamente.
arranco um papel do bolso 
nele estar escrito teu nome
em letras garrafais e tosca
como os versos desse poeta maldito
que não liga para nada
e nem quer mudar
por isso e pelos excessos
pelo momentos culturais
eu te espero nessa lua intensa
e flamejante,para  compor 
esse blues cada vez mas cadavérico
e distante neste intante
tocando b b king e tom waits
eu não suporto outro funeral

-ED..RIBEIRO-

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

ESTUDANTES PRESOS PELA POLÍCIA – GRANDES MANIFESTAÇŐES DE PROTESTO.



ESTUDANTES PRESOS PELA POLÍCIA – GRANDES MANIFESTAÇŐES DE PROTESTO.



Quando eu era pequeno, em 1975, mais ou menos, aconteceu uma greve de estudantes na universidade que ficava nos arredores da rua na qual eu morava. Houve muita movimentação naqueles dias. No meu prédio, e em especial na minha casa se discutia sobre o que estava acontecendo. Num daqueles dias, eu estava voltando da escola pelo lado da calçada em que eu morava. Tinham policiais na rua, mas eu não pensei que eles poderiam me machucar, já que eu tinha aprendido em casa que eles estavam na cidade para proteger as pessoas contra os perigos e não para machucá-las. Pois bem, eu continuei andando na direção de casa e passei por perto de um daqueles policiais: ele me empurrou e eu levei um grande susto. 
Cheguei assustado no prédio e no térreo encontrei uma moça que morava lá também e era estudante daquela universidade e estava apoiando a greve. Não me lembro o nome dela, mas conversamos sobre a greve naquela universidade. Ela disse que os estudantes estavam lutando pela libertação de um estudante que tinha sido preso por lutar contra a ditadura. Eu perguntei para ela se não era perigoso enfrentar o governo. Ela me explicou que era uma questão de solidariedade e que se as pessoas aceitassem caladas as arbitrariedades das autoridades nunca teríamos liberdade para sermos nós mesmos. Eu perguntei se o estudante preso era ou não comunista. Ela respondeu que comunista ou não, o fato é que era alguém que tinha tido a coragem de dizer não para pessoas que machucavam as outras. Já que eu tinha levado um empurrão do policial, achei que o que me dizia aquela jovem vizinha fazia sentido.
Quando cheguei em casa, falei com minha mãe sobre tudo aquilo e ela me proibiu de ir até a universidade dizendo que estudantes universitários eram perigosos. Mas depois do empurrão que eu levei, eu fiquei mais propenso a achar que perigosos eram os policiais, que até então eu tanto respeitava. Poucos dias depois comentei com alguém da minha casa que eu estava simpatizando com os estudantes. Aquela pessoa olhou para mim e disse: - Você já é comunista!
Mais tarde o aluno foi solto. Mais tarde a ditadura militar foi desmoralizada e caiu de modo vergonhoso. Hoje sinto que apesar dos problemas que temos a liberdade é um grande valor a ser preservado. Quando cenas de policiais prendendo jovens se repetem, me lembro daqueles tempos tristes, nos quais policiais empurravam crianças voltando da escola.
E tem mais. Naquele tempo que eu era menino eu não sabia, mas hoje dá para notar, o governo mentia para a população, dizia que comunista comia criança e eu cheguei a acreditar naquilo. Também diziam que a maconha era a erva do diabo. Mas, pensando bem, se comunista, hoje sabemos, não come necessariamente criancinhas, talvez a maconha não seja isso que eles diziam para mim quando eu era criança. 
Uma coisa que me faz pensar nisso é o fato de me lembrar que naquele tempo mais ou menos o Gilberto Gil foi preso, junto com o Caetano Veloso, fumando maconha num quarto de hotel, se não me engano. Eu pensei na época, que se eles fumavam aquilo, então eles deveriam começar a ficar magros, não querer mais trabalhar e morreriam em poucos meses internados num hospital de doidos, pois era isso que se dizia na época e se fala ainda. Mas não aconteceu nada daquilo! O que aconteceu foi uma coisa impressionante! Anos depois, Gilberto Gil bem nutrido, se tornou Ministro da Cultura! Assim passei a me perguntar: será que também inventaram uma mentira a respeito da maconha? Ou será que alguns são imunes ao mal que ela faz e outros são hereditariamente passiveis de emagrecer, virar preguiçosos e morrer no hospital de doido?
Para completar, estão dizendo por ai que o Fernando Henrique Cardoso, aquele que foi PRESIDENTE DO BRASIL e não um mero Ministro da Cultura, não só já teria fumado aquela erva mal afamada, mas estaria até mesmo propondo,(fazendo eco com o ex-presidente dos Estados Unidos da América, Bil Clinton) que se a descriminalizasse. Será que estas informações procedem ou são invenções criadas por alguma mídia, ou algum gênio maligno – como diria Descartes – para me confundir?
Se elas procederem (aquelas informações) fico agora tentado a pensar se não foi exatamente aquela erva que deu inspiração para Gilberto Gil virar Ministro da Cultura e FHC e Bil Clinton virarem presidentes!? Não! Assim já é demais. Já não sei mais nada.
Uma coisa, porém, é certa: o Gil e o Caetano fazem poesias muito lindas! Será...? Deixa prá lá... Assim eu fico confuso. Uma vez falaram que aquelas «Folhas» que podaram na música Coração de Estudante de Milton Nascimento, estaria falando daquela «coisa»? Sera? Se for assim... uma coisa é certa. Tem mentiras, por parte dos governantes e das... (leis?) sobre ela?
Meu lado menino, ferido até hoje por aquele empurrão imerecido, gostaria de viver numa «pátria amada mãe gentil», que me contasse a verdade sobre as coisas... pois, caso contrário, não vou poder entender o que acontece e, sem entender o que acontece, não vou poder raciocinar direito e, sem raciocinar direito, não vou poder ser um bom brasileiro e, sem ser um bom brasileiro, não vou merecer estudar na universidade.
Em conclusão. Proponho que suspendam a lei que prende os outros por causa daquela mal afamada plantinha e se instaure um inquérito para se apurar as mentiras e as verdades sobre os malefícios e/ou benefícios dela. Enquanto isso é conveniente pedir desculpas também aos garotos que foram presos. Já que se no fim se descobrir que tudo o que diziam e dizem daquela planta não passou de mentiras inventadas por algum gênio maligno, aqueles meninos merecerão no mínimo um cargo de ministro. Ou de presidente?