terça-feira, 5 de julho de 2011

"NÃO FUZILE O PIANISTA

De gênio sobre gênio, Marceleza propõe "Não fuzile o pianista".




"NÃO FUZILE O PIANISTA"

"Oscar Wilde nasceu na Irlanda em 1854 e morreu em 1900. Deixou uma obra calcada em impressionante capacidade de observação, recheada de um sarcasmo demolidor. Uma força geradora incontrolável e inata em confronto com um outro Wilde que viveu buscando a destruição justamente daquilo que lhe era peculiar. Homem de contrastes, pregava a elevação, ansiando pela decadência. Há alguns anos atrás o seu neto Merlin Holland relembrou que o avô dizia que seu único medo era o de não ser mal compreendido.

Aos 28 anos apresentando-se à alfândega de Nova York teria dito "Nada a declarar, exceto o meu gênio". No Colorado foi à um cassino e viu que "no canto havia um pianista tocando seu instrumento e acima dele um cartaz com os dizeres: 'Favor não fuzilar o pianista, ele faz o melhor que pode'. Fiquei chocado diante da constatação de que a arte medíocre merece a pena de morte".

Ora bolas, se Wilde estivesse vivo hoje, o que ele diria a respeito da nossa arte contemporânea sempre conduzida pela hipócrita moral do politicamente correto? Mais de um século após a sua morte suas profecias ainda acertam no alvo:

"Antigamente livros eram escritos por homens de letras e lidos pelo público. Hoje em dia, livros são escritos pelo público e lidos por ninguém."

Como gênio que foi descortinou os nossos próprios pensamentos, fazendo-os voltarem-se contra nós, pois assim como as preces dos homens são uma enfermidade da alma, suas crenças não passam de uma doença do intelecto.

Se você nunca leu Oscar Wilde, não sabe o que está perdendo. Jogue no lixo seu livro de auto-ajuda e mergulhe num oceano de inteligência e perspicácia artística contido em "A Importância de Ser Prudente", "A Decadência da Mentira" e "O Retrato de Dorian Gray", provavelmente suas três obras mais importantes. Afinal, segundo ele, a arte nada exprime senão a si mesma. Ela tem uma vida independente, semelhante a do pensamento e se desenvolve a sua maneira. Ela não é necessariamente realista mesmo que a época seja monárquica, nem espiritual se a época é religiosa. Longe de ser uma criação do seu tempo, parece estar sempre em oposição direta à ele."

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